O ano de 2025 vai registrar um
recorde de emissões globais de CO2 geradas
por combustíveis fósseis, destaca um estudo publicado nesta quinta-feira (13,
data local). A pesquisa alerta que pode ser impossível limitar o aquecimento
global a +1,5°C.
O relatório anual Global Carbon
Budget estuda as emissões de CO2 geradas pela queima de hidrocarbonetos,
produção de cimento e pelo uso do solo, como o desmatamento, e relaciona esses
dados com os limites estabelecidos em 2015 pelo Acordo de Paris.
Uma equipe internacional de
cientistas concluiu que as emissões de CO2 procedentes de combustíveis fósseis
serão 1,1% maiores em 2025 do que um ano antes, e que as energias renováveis
não vão ser capazes de suprir o crescimento da demanda energética.
Segundo o relatório, as emissões
procedentes de petróleo, gás e carvão devem aumentar neste ano, elevando o
total para um recorde de 38,1 bilhões de toneladas de CO2.
Para limitar o aquecimento global
a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, o estudo afirma que não mais do que
170 bilhões de toneladas adicionais de CO2 devem ser lançados na atmosfera.
"Isso equivale a quatro anos
de emissões no ritmo atual antes de que se esgote o orçamento para 1,5°C, então
é basicamente impossível", disse o diretor da pesquisa, Pierre
Friedlingstein, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
O fracasso em reduzir as emissões
responsáveis pelo aquecimento global lança uma sombra sobre a COP30, que
acontece com a ausência dos Estados Unidos, o segundo maior poluidor do mundo.
Apesar de todos os indícios de
que 2025 será um dos anos mais quentes já registrados, os planos climáticos dos
países não estão à altura. "Coletivamente, o mundo não está
entregando", disse à AFP Glen Peters, do centro para a pesquisa climática
CICERO, na Noruega. "Todos precisam fazer a sua parte, e precisam fazer
mais."
Quando o pico será
atingido?
Segundo Peters, as emissões de
combustíveis fósseis na China permaneceram inalteradas globalmente neste ano,
principalmente em relação ao carvão, o que poderia indicar que as energias
renováveis vão começar a suprir uma parcela cada vez maior da demanda
energética.
Ao mesmo tempo, o especialista
ressaltou que a incerteza em torno da política do maior poluidor do mundo torna
prematuro afirmar que suas emissões já atingiram um pico. "A balança se
inclina para onde se espera que as emissões comecem a diminuir, mas isso levará
algum tempo."
Nos Estados Unidos, as emissões
geradas por carvão se aproximaram de 7,5%, após o aumento do preço do gás levar
os consumidores a recorrerem a essa fonte de energia, mais poluente.
De modo geral, tanto os Estados
Unidos quanto a União Europeia desafiaram as tendências de baixa recentes com
um aumento de suas emissões, em parte devido ao crescimento da demanda por
calefação no inverno.
Na Índia, a temporada de monções
mais precoce e o crescimento das energias renováveis ajudaram a conter o
aumento das emissões de CO2 em comparação com os últimos anos.
Publicado na revista Earth System
Science Data, o estudo destaca que 35 países conseguiram reduzir suas emissões
sem prejudicar o crescimento de sua economia, o dobro do registrado há uma
década.
Projeções apontavam que as
emissões totais da humanidade, incluindo as procedentes do solo, seriam de 42,2
bilhões de toneladas neste ano, levemente inferiores às do ano passado, um dado
incerto em grande parte.
Segundo os cientistas, a redução
do desmatamento e dos incêndios florestais na América do Sul, em parte devido
ao fim das condições muito secas do El Niño 2023-2024, contribuiu para a
redução das emissões causadas pelo uso do solo.
Fonte: Folha de Pernambuco.


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