O Ministério da Saúde vai lançar
nesta quinta-feira (13), durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o primeiro plano internacional de
adaptação climático dedicado exclusivamente à saúde.
Segundo o titular da pasta,
Alexandre Padilha, o documento apresenta ações concretas para que os países
possam preparar os seus sistemas de resposta aos efeitos das mudanças
climáticas na saúde das populações, especialmente as mais vulneráveis.
De acordo com Padilha, o Brasil
liderou a construção do plano junto com outros quatro países que realizaram as
últimas cinco COPs: Reino Unido, Egito, Azerbaijão e Emirados Árabes, o chamado
grupo de Baku.
“Nós apresentamos a primeira
formulação desse plano em maio, na reunião da Assembleia Geral da Organização
Mundial de Saúde, em Genebra. E, de lá para cá, foram feitas consultas
públicas, reuniões temáticas e colaborações. Então, a expectativa é que dezenas
de países anunciem formalmente o compromisso de implementar esse plano de ação
nos seus países também", destacou em entrevista à Agência Brasil.
Na avaliação da pasta, eventos
climáticos extremos, como enchentes e secas, estão cada vez mais frequentes e
têm sido um desafio crescente para os sistemas de saúde. O aumento das
temperaturas também impacta na proliferação de doenças, como a dengue, e na
mortalidade por calor extremo ou outras doenças relacionadas à qualidade do ar,
como as doenças respiratórias. Há ainda fatores relacionados ao aumento da
desigualdade e redução da qualidade de vida.
O plano internacional de
adaptação climática dos sistemas de saúde será lançado durante o dia oficial da
saúde da COP, em uma reunião na Zona Azul, a área oficial de negociações da
conferência, como parte de uma agenda da presidência brasileira no evento. A
adesão, segundo Padilha, é voluntária, mas o Ministério da Saúde vai seguir
pautando o assunto em fóruns internacionais.
"A nossa expectativa é que
as resoluções finais da COP coloquem a saúde como tema central. A integração
saúde e clima é um tema central do enfrentamento das mudanças climáticas. Nós
estamos dizendo que é a saúde é a principal face, a face mais crítica, que pode
inclusive a adaptação de sistemas ajudar a mobilizar a sociedade",
afirmou.
Um exemplo de aplicação desse
novo plano pode ser dar na reconstrução dos serviços de saúde de Rio Bonito do
Iguaçu, cidade do Paraná devastada por um tornado no último fim de semana.
"Nós já tomamos essa
decisão, vai ser um demonstrativo desse plano de adaptação reconstruir as
unidades de saúde lá [Rio Bonito do Iguaçu] com característica que a gente está
chamando de unidade de saúde resiliente. Ou seja, que o padrão construtivo dela
sobreviva a situações como essa, que a estrutura, por exemplo, de conexão, seja
uma conexão adaptável para que, se tiver uma quebra do sistema de conexão, você
tenha situações adaptáveis para manter os sistemas de informação de saúde.
Manter, por exemplo, o sistema de informação da Farmácia Popular, que é muito
importante para garantir a medicação", explicou.
No fim de semana, o governo
federal mobilizou equipes de diferentes áreas, incluindo a Força Nacional do
SUS, composta por médicos sanitaristas, enfermeiros e especialistas em saúde
mental, para atuar na cidade paranaense, em apoio às forças locais.
Linhas de ação
O plano internacional de
adaptação em saúde possui três linhas de ação. Uma é o monitoramento de dados,
como o aumento da temperatura e seus impactos graduais no perfil de adoecimento
das populações. A segunda é a construção de estruturas de sistema de saúde
resistentes a desastres e com capacidade de operar em situações críticas, com
estoques de água, energia e conectividade.
Por fim, o terceiro eixo aborda a
necessidade de atenção à saúde das populações mais vulneráveis nos territórios,
com capacidade de realizar exames, cirurgias e acompanhamento permanente.
Para que os planos possam ser
concretizados na prática, Padilha apontou que haverá redirecionamento de
recursos já existentes no orçamento para priorizar esse tipo de ação. O
ministro também citou a atração de recursos privados e financiamento em bancos multilaterais.
"O Brasil já vem fazendo
ações de adaptação que captam recursos internacionais. Cerca de US$ 160 milhões
foram destinados para o Brasil em ações de adaptação do serviço de saúde. E,
com esse plano e com a liderança brasileira, a gente acredita que a gente vai
poder captar mais recursos ainda, de financiadores internacionais, alguns que
estão na COP, bancos, agências de desenvolvimento", citou.
Segundo Alexandre Padilha, o
governo brasileiro está trabalhando em um pedido de financiamento no banco dos
Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), para obter mais de US$ 350
milhões a serem investidos na construção dos chamados hospitais inteligentes.
"São hospitais para urgência e emergência, que são resilientes às
tragédias de mudanças climáticas".
Fonte: Diário de Pernambuco.


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