A Corregedoria da Polícia Militar
afastou das ruas treze policiais envolvidos direta ou indiretamente no episódio
em que um agente jogou um homem dentro de um rio na região de Cidade
Ademar, Zona Sul de São Paulo.
O caso aconteceu na noite de
domingo (1) e gerou enorme repercussão entre as autoridades paulistas.
Segundo fontes da Secretaria de
Segurança Pública (SSP), dois sargentos e onze cabos e soldados estão sendo
ouvidos sobre o caso e ficarão afastados das ruas até o fim das investigações.
Eles pertencem ao 24° Batalhão da
PM, localizado na cidade de Diadema, na Grande SP, e ficarão cumprindo
expediente na Corregedoria pelo tempo que o comando julgar necessário.
Segundo as apurações iniciais,
durante uma abordagem, os policiais deram ordem de parada a duas pessoas que
trafegavam em uma moto. Os rapazes fugiram e os PMs, então, iniciaram uma
perseguição que terminou com a captura da dupla e um deles jogado no rio por um
dos policiais.
A Corregedoria apurou até o
momento que um dos homens parados chegou a ser levado para a delegacia. Ele é,
neste momento, a principal testemunha da investigação.
Aos investigadores, essa
testemunha afirmou que o homem jogado da ponte está vivo.
Os integrantes da Corregedoria
estão tentando localizá-lo para ouvi-lo oficialmente.
Na abordagem, todos os PMs usavam
câmeras corporais e se gravaram. Essas imagens serão usadas pelos
investigadores para entender os detalhes da ocorrência.
Até a última atualização desta
reportagem, não houve pedido de prisão para nenhum dos policiais envolvidos.
O governador de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), disse, em uma rede social, que o policial
militar que "atira pelas costas" ou "chega ao absurdo de jogar
uma pessoa da ponte" não está à altura de usar farda. Disse ainda que
o caso será investigado e "rigorosamente" punido.
O secretário da Segurança
Pública, Guilherme Derrite (PL), também criticou a ação do policial
militar. "Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas
antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à
vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem
carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição",
escreveu.
O procurador-geral de Justiça de
São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa – principal representante do
Ministério Público paulista, também emitiu uma nota pública de repúdio à cena,
e disse que as imagens são “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis”.
Ele afirmou que já designou que o
Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) integre as investigações
a fim de “punir exemplarmente” os policiais envolvidos na abordagem.
“Estarrecedoras e absolutamente
inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual
um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira.
Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava
dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de
conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse
lavrada”, disse Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
E acrescentou:
"Somente dentro dos limites
da lei se faz segurança pública, nunca fora deles. Assim, esta
Procuradoria-Geral de Justiça determinará, ainda nesta terça-feira (3/12), que
o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) associe-se ao promotor
natural do caso para que o MPSP envide todos os esforços no sentido de punir
exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção
policial que está muito longe de tranquilizar a população."
Flagrante
PM é flagrado jogando homem de
ponte na Zona Sul
O flagrante do policial militar
jogando um homem do alto de uma ponte foi revelado nesta segunda (2) pelo g1 e
pela TV Globo.
Pelas imagens, é possível ver um
policial levantando uma moto que está no chão. Um segundo e um terceiro
policial se aproximam. Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Um
quarto policial chega segurando o homem pela camiseta azul, que seria o motociclista
abordado. Ele se aproxima da beirada da ponte e joga o homem no rio.
De acordo com informações da
Polícia Militar, os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo,
e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar.
O agente que arremessou o homem é
da Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam). A vítima não morreu, mas não
há informações sobre o seu estado de saúde.
"É algo muito grave e sem
qualquer fundamento, nenhuma legalidade. É mais um daqueles e daquelas que
ainda acham que a injustiça vai prevalecer. Há uma crença hoje na polícia de
São Paulo de que os policiais poderão praticar qualquer atrocidade ou
anormalidade por serem policiais e isso vai ficar por isso mesmo", afirmou
o ouvidor das polícias, Cláudio Silva, à TV Globo.
"A gente precisa mudar essa
perspectiva porque senão os casos graves vão continuar ocorrendo e, talvez, a
tendência seja até piorar", finalizou.
O que diz a SSP
Em nota, a Secretaria da
Segurança Pública (SSP) informou que "a Polícia Militar repudia
veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo
mostrado".
Segundo a SSP, "assim que
tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar
(IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação
inaceitável".
"Todos os policiais que
estavam em serviço na área identificada foram convocados e já estão sendo
ouvidos. A instituição reitera seu compromisso com a legalidade, sem tolerar
qualquer desvio de conduta", finalizou o comunicado.
Fonte: G1 São Paulo.
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