O Mercosul e a Comissão
Europeia esperam anunciar nesta sexta-feira (6) em Montevidéu a conclusão
das negociações para um acordo de livre comércio após 25 anos de
discussões, mas a oposição cresce entre alguns governos europeus.
Impulsionados pelo Brasil, mas
também por Alemanha e Espanha, os dois blocos pisaram no acelerador para tentar
alcançar um acordo sobre o texto antes da chegada de Donald Trump e sua guerra
tarifária à Casa Branca em janeiro.
Ainda faltam "detalhes
mínimos", disse o ministro uruguaio das Relações Exteriores, Omar
Paganini, que espera que a "boa notícia" de um entendimento possa ser
anunciada nesta sexta-feira, quando os presidentes da Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai concederão uma entrevista coletiva conjunta com a presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que chegou na quinta-feira em
Montevidéu.
"A linha de chegada do
acordo UE-Mercosul já está à vista", escreveu Von der Leyen na rede social
X.
A Comissão Europeia, e não os
governos, segundo os estatutos da UE, é a responsável por negociar acordos comerciais.
França e Itália, no entanto,
deixaram claro na quinta-feira que, mesmo que as partes anunciem um acordo
sobre o texto, o processo de ratificação de um TLC (Tratado de Livre Comércio),
que exige a aprovação dos países, enfrentará um muro de resistência.
A questão central é a proteção do
setor agropecuário, que considera que será obrigado a competir em condições
desfavoráveis com a poderosa agropecuária do Cone Sul.
O presidente francês, Emmanuel
Macron, reiterou que o projeto de acordo comercial é "inaceitável em seu
estado atual". "Vamos continuar defendendo sem descanso a nossa
soberania agrícola", acrescentou a presidência francesa em uma mensagem no
X.
Na mesma linha, "o governo
italiano considera que não foram reunidas as condições para apoiar o texto
atual". Roma exige uma "proteção adequada [...] para o setor
agrícola".
Polônia, Áustria e Países Baixos
também são relutantes sobre um pacto comercial com o Mercosul.
Divergências
Há quase 25 anos, o Mercosul negocia um TLC com o bloco europeu, adiado em
várias ocasiões, em meio a tensões por questões delicadas como a proteção do
meio ambiente ou as compras governamentais.
Em 2019, UE e Mercosul anunciaram
a conclusão de um acordo, mas o processo estagnou sem a ratificação do texto.
Agora, segundo fontes que
acompanham a negociação consultadas pela AFP, as partes chegaram a um acordo
técnico que evoluiu nos últimos cinco anos, com modificações em "vários
capítulos".
O Mercosul tem seus próprios
dilemas internos que também afetaram as negociações.
O ministro das Relações
Exteriores do Uruguai lembrou que o governo anterior da Argentina, de Alberto
Fernández, "estava relutante ou diretamente contra" um acordo
comercial com a UE.
Com um TLC, "todo o Mercosul
consegue eliminar as tarifas sobre 70% dos produtos exportáveis", comentou
Paganini a respeito das metas desejadas pelo bloco.
Von der Leyen argumenta que UE e
Mercosul têm "a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de
pessoas".
Nesta sexta-feira, o Mercosul,
fundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, aos quais a Bolívia
aderiu recentemente, e os Estados associados, que incluem Chile e Colômbia,
também receberão o Panamá como membro associado.
Fonte: Folha de Pernambuco.
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