Imagem: Divulgação |
Um dos dois
estandes mais visitados da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o espaço
'Cordel e Repente' se tornou, nas últimas três edições do evento, também uma
referência da representação nordestina ao apresentar a diversidade literária
dos estados, desde os grandes artistas consagrados no imaginário da nação até
novos nomes. Nesta 27ª edição da feira – que teve sua cerimônia de abertura com
a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 5 de setembro e tem a
Colômbia como país convidado –, esse espaço regional de 300m² presta homenagem
a Luiz Gonzaga e suas terras pernambucanas.
A curadoria
do espaço é da cearense Lucinda Marques, que vem promovendo eventos ligados à
leitura em centenas de municípios, por meio da IMEPH, pelo Projeto Nas Ondas da
Leitura (a partir de 2006), que envolve estudantes e professores das escolas
públicas e lança os livros criados e ilustrados pelas crianças. Na programação
da 'Cordel e Repente' de 2024, 19 pernambucanos fazem parte da cadeia criativa
do projeto, entre eles escritores, cordelistas, repentistas, contadores de
história, xilogravuristas, músicos, cantores e editoras.
Ao longo dos
10 dias da Bienal, um dos maiores eventos culturais da América Latina e que
segue movimentando a capital paulista até o dia 15 de setembro, traz cerca de
150 atrações na sua programação. Na edição anterior, o homenageado foi o
escritor e poeta também pernambucano Rogaciano Leite e, desta vez, a obra e
legado cultural de Gonzaga, o Rei do Baião, é celebrada no ano em que completam
35 anos do seu falecimento. J. Borges também ganhou uma homenagem especial este
ano através da decoração de bandeiras com xilogravuras do mestre, já que estava
previsto para esta edição o lançamento de um novo livro dele, Dom Quixote em
cordel.
Em
entrevista ao Diario, Lucinda Marques destacou a escolha de Luiz Gonzaga
para este ano e enalteceu a importância de uma representação da multiplicidade
cultural nordestina em um espaço da dimensão da Bienal de São Paulo. "Foi Luiz
Gonzaga que levou a cultura do Nordeste para o restante do Brasil e do mundo.
Ele foi um ícone da nossa região e pioneiro em diversos temas. E a música dele
é contagiante em qualquer região do Brasil. O Nordeste é tão rico que a gente
quer continuar divulgando esse número incrível de pessoas talentosas que
deixaram um grande legado e ainda as muitas que estão surgindo", afirmou a
curadora.
A
governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, presenciou a abertura do
estande e também falou sobre a força simbólica da 27ª edição da Bienal e do
espaço que representa a cultura popular nordestina. "Uma agenda como essa
inspira, fortalece e incentiva a valorização do cordel e da variedade de
autores e autoras da literatura nordestina. Estamos aqui no maior evento
literário da América Latina, então trazer essas linguagens artísticas de perfil
popular é imprescindível para fazer com que essas pessoas se encontrem não só
com São Paulo, mas com o Brasil e com o mundo", disse a governadora.
"É emblemático para mim que justamente neste evento se deu o ato de
regulamentação por parte do presidente Lula, na cerimônia de abertura, da lei
13.696, que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita, de minha
autoria. Isso é um passo fundamental para que a gente avance no sentido de dar
ao livro um status de política de estado", completou Fátima.
Eugênio
Jerônimo, servidor do TRT-6, poeta e autor do cordel A linguagem simples
na justiça do trabalho: A linguagem na justiça sem patim nem arrodeio, que será
lançado no estande no dia 10, reforçou o quão significativo já foi e ainda é o
formato de cordel. "Até a metade do século 20, o cordel desempenhou no
Nordeste o papel dos veículos de cultura de massa, que a televisão e o rádio
viriam a fazer depois. Ele gozava de muito sucesso como meio de veiculação de
ficção e de informação científica e de natureza jornalística. De umas décadas
para cá, após ter caído no esquecimento durante um tempo, ele deu uma aflorada
e passou a gozar de um prestígio urbano até", falou o autor.
Fonte: Diário de Pernambuco
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