Imagem: Representativa |
A empolgação com o primeiro
salário, aliada à falta de experiência, pode gerar descontrole na hora de utilizar
o dinheiro. Para evitar que isso aconteça, é importante construir uma
organização financeira logo no primeiro mês de trabalho, criando, assim, o
hábito de se planejar todos os meses. De acordo com pesquisa da Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 47% dos jovens de 18 a 24 anos não
controlavam suas finanças no primeiro semestre de 2024. Segundo o economista Werson
Caval, os dados são preocupantes, já que a falta de gestão financeira na
juventude pode resultar no desequilíbrio das finanças na vida adulta.
Outro número relevante da análise
é que 19% dos entrevistados afirmam não saber fazer um plano de gastos, 18%
sentem preguiça de organizar as finanças e 16% dizem não ter rendimentos. Com
os maiores níveis de justificativas para não controlar o dinheiro se dividindo
entre não saber fazer um plano eficiente e a preguiça de colocar as contas “na
ponta do lápis”, o especialista orienta acompanhar a receita com a ajuda de
planilhas e aplicativos, para que os valores sejam especificados de forma
prática e rápida.
Maria Luiza Silva, de 19 anos, acabou
de ser contratada e fala sobre como pretende se programar, a partir de agora,
com a nova renda fixa mensal. “Passei um tempo trabalhando informalmente e como
eu não tinha um dinheiro fixo, não costumava me organizar. Agora que vou
começar a receber de fato meu primeiro salário, quero fazer um plano de gastos
para registrar tudo e ir acompanhando”, contou.
Para Werson, esse planejamento
deve conter todos os custos, desde as contas fixas - como aluguel e transporte
- até pequenas despesas, como um café ou uma compra impulsiva. Isso ajuda a identificar
onde você pode estar gastando mais do que deveria e, com o tempo, criar o
hábito de gastar com mais consciência.
O especialista pontua que a maioria
dos brasileiros é adepta da prática de “fazer as contas de cabeça”, apenas cogitando
as saídas previstas, sem detalhar todas as despesas e gastos avulsos, impedindo
uma visão clara do andamento da sua saúde financeira. “De modo bem controlado
em um modelo de organização, pode ter certeza de que você vai ter uma ideia, em
imagem, do que você gasta dentro da receita. E aí, outra prática importante que
todos os jovens devem ter é poupar”, incentiva o profissional.
Depois de planejar os custos
gerais, o próximo passo é construir e manter um fundo de emergência, já que
situações inesperadas que demandam determinados custos podem acontecer, fazendo
o trabalhador desviar do planejamento pré-estabelecido, ocasionando dívidas e
possíveis desgastes emocionais.
Guilherme Lira, de 18 anos, está ingressando
no mercado de trabalho. Em seu primeiro mês no novo emprego, Lira já se
organiza para reservar a quantia para os gastos inesperados. “Estou querendo
investir uma certa quantia todo mês para poder usar em caso de emergência ou
quando for necessário. Pretendo utilizar planilhas de organização, já que são
recursos muito importantes que quero implementar quando receber meu primeiro
salário”.
O indicado é que esse valor
represente até 10% da renda mensal, a fim de não comprometer as demandas fixas
do mês. “Porém, a excelência não é um hábito, então, se você não conseguir
separar 10%, estipule 5% e, futuramente, aumente a contribuição para o fundo”,
lembra Werson.
Para Rhaldney Piauilino,
economista e consultor financeiro, pensar no futuro é fundamental na hora de
determinar os objetivos. “Investir é essencial para garantir que seu dinheiro
não perca valor com o tempo e que você possa conquistar seus objetivos
financeiros”, destaca. Comece aos poucos, aprendendo sobre diferentes opções de
investimento que estejam alinhadas com o seu perfil e metas. O profissional
ressalta que não existe uma porcentagem certa para direcionar a esse fim,
dependendo de quanto a pessoa recebe mensalmente.
O economista Henrique Mattos orienta
que ter objetivos realistas e alcançáveis é essencial para que o planejamento
financeiro se torne eficiente. “A sensação de realização é primordial para não
abandonar o projeto em poucos meses por não conseguir segui-lo”, afirma.
Pensando nisso, Maria Luiza
deseja reservar um determinado valor ao longo dos meses para as emergências.
Além disso, a jovem estabeleceu como meta destinar mensalmente uma parte do
salário para a compra de um notebook, que irá auxiliar nos estudos. “Uma vez
que você tenha separado dinheiro para a reserva de emergência e para os
investimentos, o que sobrar é o que você pode gastar no seu dia a dia. Essa
abordagem ajuda a evitar gastos desnecessários e a manter o foco no que
realmente importa”, pontua Rhaldney Piauilino.
Mattos destaca o método “50-30-20”
como um dos mais utilizados na hora de estabelecer os valores para cada fim. O especialista
explica que, nesse método, o máximo de 50% deve ser destinado aos gastos fixos,
com o custo de vida e despesas essenciais; 30% para gastos variáveis, que são
aqueles que conseguimos optar por gastar ou não, proporcionando uma
flexibilidade maior para cumprir as metas do mês; e, por fim, destinar um
mínimo de 20% para investimentos através de uma carteira personalizada e vinculada
aos seus objetivos.
Já Werson Caval salienta que os cursos
de educação financeira podem ser um facilitador na hora de apresentar os meios
para criar uma gestão efetiva do seu dinheiro. Rhaldney também diz que
organizar as finanças no dia a dia pode parecer desafiador no início, mas, com
a prática, é possível chegar a um modelo que funcione. A chave está em criar
bons hábitos e utilizar as ferramentas disponíveis a seu favor.
Atualmente, existem diversos aplicativos
que podem facilitar a sua vida financeira. Eles ajudam a acompanhar seus
gastos, criar metas e até mesmo investir. O especialista em consultoria
financeira indica alguns:
Mobills: um dos mais populares,
ele permite que você categorize seus custos, crie orçamentos e receba alertas
quando estiver se aproximando do limite de uma categoria.
Organizze: focado em
simplicidade, esse app permite que você acompanhe suas receitas e despesas de
forma intuitiva, além de gerar relatórios detalhados para você visualizar
melhor sua situação financeira.
Guiabolso: além de ajudar no
controle de gastos, o Guiabolso também faz uma análise das suas finanças e
sugere melhorias. Ele ainda oferece a opção de simular investimentos e comparar
empréstimos.
Fonte: Folha de Pernambuco
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