Cerca de 40 milhões de aposentados e pensionistas tiveram dados cadastrais expostos por meio de acessos sem controle, confirmou em nota o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O problema ocorreu por décadas por meio de logins de servidores públicos de órgãos externos ao INSS que se aposentaram, foram exonerados ou pediram demissão. O problema ressaltou o órgão, não causou prejuízos aos cofres públicos porque o Sistema Único de Informações de Benef ícios (Suibe) não é usado para liberar benefícios. O sistema apenas armazena dados dos beneficiários como nome, Cadastro de Pessoa Física (CPF), tipo de benefício (aposentadoria, pensão, salário-maternidade, auxílios e Benefício de Prestação Continuada), data de concessão e valor recebido. Segundo o INSS, em gestões anteriores, foram distribuídas senhas a outros órgãos federais para o ingresso ao sistema. A distribuição era feita a órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União, e à Advocacia-Geral da União, para a defesa do governo em ações judiciais.
No
entanto, não havia monitoramento para as senhas. O acesso era feito apenas com
login e senha, sem camadas de segurança como autenticação de duplo fator,
certificado digital e criptografia. Após os servidores de órgãos externos deixarem
as funções, os logins e as senhas continuavam válidos, podendo cair nas mãos de
hackers, fraudadores ou criminosos.
Um
dos possíveis usos das senhas externas é a venda de dados a financeiras que
oferecem crédito consignado a beneficiários. Outra possibilidade é que
criminosos, de posse dos dados, tenham pedido crédito especial no nome do
segurado do INSS.
MEDIDAS
No
comunicado, o INSS informou que a Dataprev, órgão que desenvolveu a solução
tecnológica do Suibe, detectou um aumento no fluxo de pedidos de informações ao
sistema. As senhas externas foram suspensas imediatamente, e o governo criou um
protocolo para a concessão de acessos por outros órgãos federais. O acesso
externo agora exigirá certificado digital e criptografia. “Um servidor de
alguns dos órgãos que têm acesso ao Suibe se aposenta ou passa em outro
concurso e detém a senha. Ele não era ‘descadastrado’. Agora, com a
certificação digital e a criptografia, quem tiver a posse da senha ficará sem
acesso”, destacou o INSS na nota.
O
INSS informou que ainda está levantando o impacto da exposição de dados dos
beneficiários e verificar se, de fato, houve vazamento de informações. Somente
após a conclusão das análises, o caso será encaminhado à Polícia Federal. “O
Suíbe foi o primeiro sistema extrator de dados do INSS que teve o fluxo de
acesso alterado pelas novas regras de segurança tecnológica, que estão sendo
renovadas em 2024. Os sistemas que geram a concessão de benefícios já estão com
a nova camada de segurança”, destaca o comunicado.
PARALISAÇÃO
DE ESTATÍSTICAS
Antes
de acrescentar camadas de segurança ao Suibe, o INSS desligou o sistema no
início de maio. A desativação temporária paralisou a produção de estatísticas,
como o Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps). Com informações
detalhadas sobre a concessão e o pagamento de benefícios, o Beps é feito com
base nos dados do Suibe. A edição mais recente do relatório foi produzida em
fevereiro deste ano.
Reportagem da Agencia Brasil publicada no Jornal do Comercio
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