Uma
escola de ensino fundamental pública atende 400 crianças em tempo integral. Dez
horas por dia para estudar, conviver, brincar.
Imagem: Brasil Escola |
O Plano
Nacional de Educação, aprovado em 2014 pelo Congresso Nacional, previa que
em dez anos pelo menos 50% das escolas públicas do país seriam como essa. Mas,
em 2023, de acordo com o levantamento da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, pouco mais de 30% oferecem ensino em tempo integral.
O plano atravessou quatro governos e os três anos de pandemia, e está chegando ao fim sem cumprir 90% dos objetivos. Segundo especialistas, isso tem um impacto negativo na qualidade do ensino oferecido em todas as fases da educação. O levantamento mostra que apenas quatro das 20 metas foram cumpridas e, mesmo assim, parcialmente. São elas:
- Triplicar as matrículas na educação profissional e tecnológica, com expansão da oferta na rede pública;
- Aumentar
o número de professores de ensino superior com mestrado e doutorado, e da
educação básica com pós-graduação;
- E
aumentar o número de mestres no país.
Entre as metas não cumpridas estão:
- O acesso de 50% das crianças de até 3 anos à creche - o percentual só chegou a 40%;
- 95% de alunos concluindo o ensino fundamental na idade adequada - fechou em 84,3% dos jovens;
- E 100% das crianças alfabetizadas até o fim do terceiro ano no ensino fundamental - ficou em menos de 60%.
Andressa
Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
considera que faltou vontade política ao longo dos últimos dez anos.
"A
gente pode ter o melhor plano nacional de educação do mundo, e a gente espera
continuar tendo um plano como boa referência, mas a gente não vai cumpri-lo se
a gente não tiver uma agenda econômica que seja alinhada à garantia de
financiamento pros direitos sociais, ou seja, para o direito à educação, por
exemplo", diz a especialista.
O
ministro da Educação disse que os resultados no PNE mostram que o país precisa
investir mais dinheiro em educação, e que é preciso um pacto entre
Legislativo, governo federal, estados e municípios. Camilo Santana disse
que vai propor ao Congresso um novo pacto para os próximos dez anos visando,
principalmente, o combate à evasão escolar e a redução das desigualdades no
ensino.
"Garantir
redução de desigualdades, tanto do ponto de vista de raça, de gênero, dentro da
escola, e também a inclusão de outros segmentos que antes não eram mensurados,
como o alunos com deficiência, indígenas, quilombolas. É um plano que olha mais
a qualidade da aprendizagem, olha mais a questão da desigualdade e mais a
questão da inclusão na educação brasileira", diz o ministro da Educação.
Reportagem da equipe do
Jornal Nacional para o G1. Reportagem disponível em:
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