A elevação da expectativa de vida
no Brasil para 76,6 anos em 2024, segundo dados divulgados pelo IBGE, é um
marco que evidencia avanços sociais, maior acesso à saúde e melhor prevenção de
doenças. O crescimento de 2,5 meses em relação a 2023 mostra um país que vive
mais, com os homens chegando a 73,3 anos e as mulheres alcançando 79,9 anos. No
entanto, esses números precisam ser interpretados para além da estatística. É
fundamental lembrar que existir é diferente de viver. Não basta somar anos à
vida; é preciso somar vida aos anos. O grande desafio da saúde pública e da
vida moderna é garantir que esse aumento na expectativa seja acompanhado de autonomia,
funcionalidade e bemestar.
Diversas doenças podem comprometer
esse percurso e limitar a independência na velhice. Entre elas es tão o
diabetes tipo 2, a hipertensão, a obesidade, a osteoporose, as artroses, as
doenças cardiovasculares, as síndromes metabólicas e as demências, como o
Alzheimer. Também merecem atenção condições silenciosas que reduzem mobilidade,
visão, audição e cognição, diminuindo a capacidade de realizar atividades
simples do dia a dia. A construção de uma longevidade saudável não começa aos
60 anos, mas muito antes. A pergunta sobre quando devemos iniciar esse processo
tem uma resposta direta: o quanto antes. Cada fase da vida oferece
oportunidades diferentes. Na juventude, consolidamos estrutura muscular e
óssea. Na vida adulta, estabelecemos hábitos que moldam o metabolismo e
previnem doenças crônicas. E na maturidade, colhemos as escolhas feitas ao
longo das décadas. Nunca é tarde para começar, mas quanto mais cedo, maior a
chance de conquistar anos realmente vividos com autonomia.
Vida saudável
O primeiro é a alimentação
inteligente, baseada em comida de verdade, com redução de alimentos ultraprocessados.
Esse padrão alimentar diminui inflamações, controla o peso, protege o coração e
preserva a musculatura e o
funcionamento adequado do intestino e do cérebro. O segundo pilar é o movimento
diário. O exercício físico é o maior determinante de autonomia na velhice. A
combinação de treinos de força, mobilidade e exercícios aeróbicos protege ossos
e articulações, melhora o equilíbrio e previne quedas. Envelhecer com músculos
significa envelhecer com independência. O terceiro pilar é o sono reparador. Dormir
bem fortalece a imunidade, regula hormônios essenciais, ajuda na memória e
melhora o humor. Noites mal dormidas aumentam o risco de diabetes, obesidade e
declínio cognitivo. A saúde emocional é o quarto pilar. O corpo não separa o
emocional do físico. O estresse crônico, a ausência de vínculos sociais e a
falta de propósito estão ligados ao envelhecimento acelerado. Cuidar da mente é
tão importante quanto qualquer exame laboratorial.
Prevenção
Consultas regulares, vacinação, rastreamento
de câncer, controle da pressão, da glicemia e do colesterol permitem
identificar riscos antes que surgem complicações. Prevenir é sempre mais
eficiente do que tratar. O aumento da expectativa de vida é uma conquista brasileira,
mas apenas fará sentido se vier acompanhado de autonomia, independência e
capacidade de viver plenamente. Longevidade não é apenas chegar mais longe, é
chegar bem. E isso depende de escolhas diárias, consistentes e conscientes ao
longo de toda a vida.
Fonte: Folha de Pernambuco.


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