Resenha critica - Medida Provisória, dia da consciência negra e a herança da abolição




 Medida Provisória (2022), dirigido por Lázaro Ramos, utiliza uma distopia para revelar o racismo estrutural brasileiro. No filme, o governo determina a “repatriação” compulsória das pessoas negras, que são arrancadas de suas casas sem apoio, sem subsídio, sem emprego e sem qualquer garantia mínima de sobrevivência.

Esse abandono dialoga diretamente com o que ocorreu após a abolição da escravatura, quando milhões de pessoas negras foram libertas sem terra, sem trabalho, sem políticas públicas e sem qualquer reparação. Assim como no filme, a liberdade é proclamada, mas a vulnerabilidade é imposta — evidenciando um padrão histórico de exclusão.

O contraponto com o Dia da Consciência Negra reforça a importância da data: ela lembra que a desigualdade racial atual não é coincidência, mas consequência desses processos violentos que se repetem, em diferentes formas, ao longo do tempo.

Os personagens de Lázaro Ramos representam diversas formas de resistência — afetiva, intelectual e coletiva — que remetem desde os quilombos até os movimentos negros atuais. Dessa forma, o filme se torna uma poderosa ferramenta de denúncia e afirmação da identidade negra.

Em síntese, Medida Provisória é um alerta sobre como o Estado pode reproduzir práticas de exclusão. Em diálogo com o Dia da Consciência Negra, a obra revela por que a luta por direitos, reparação e dignidade ainda é urgente no Brasil.

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