A Câmara dos Deputados aprovou,
na noite desta quarta-feira (5), por 317 votos a 111, o projeto de Decreto
Legislativo (PDL-03) que dificulta a realização de abortos em crianças
e adolescentes vítimas de violência sexual. O texto seguirá para
análise do Senado.
O projeto, de autoria da deputada
Chris Tonietto (PL-RJ), susta decisão do Conselho Nacional da Criança e do
Adolescente (Conanda) sobre o tema.
O projeto teve parecer favorável do relator, o deputado Luiz Gastão (PSD-CE).
Em nota à imprensa, nesta tarde, o Ministério das Mulheres demonstrou
preocupação com o projeto que vetaria a resolução do Conanda sobre as
diretrizes para o atendimento humanizado e prioritário de meninas vítimas de
estupro na rede de saúde.
De acordo com o governo, a
decisão do conselho busca garantir a aplicação de direitos já existentes em
lei. “O PDL, ao anular essa orientação, cria um vácuo que dificulta o acesso
dessas vítimas ao atendimento e representa um retrocesso em sua proteção”.
O Ministério das Mulheres ainda
destaca que a decisão do Conanda tem relação com o “cenário alarmante” vivido
no país. Entre 2013 e 2023, por exemplo, o Brasil registrou mais de 232 mil
nascimentos de mães com até 14 anos.
“São gestações infantis
decorrente de estupro de vulnerável. Embora a lei garanta o aborto legal em
casos de estupro, milhares de meninas são forçadas à maternidade anualmente”.
Segundo o governo federal, em
2023, apenas 154 meninas em todo o país conseguiram acessar esse direito.
Por outro lado, os autores da
proposta na Câmara dos Deputados argumentaram que a norma extrapolaria a
atribuição do conselho ao dispensar a apresentação de boletim de ocorrência
policial, por exemplo.
Segundo a Resolução 258/24, a
interrupção da gravidez não deverá depender de boletim de ocorrência, de
decisão judicial autorizativa ou da comunicação aos responsáveis legais nos
casos em que houver suspeita de violência sexual ocorrida na família.
Para os autores da proposta no Congresso, esse trecho contraria o Código Penal,
que atribui aos pais ou responsáveis a decisão, por causa da incapacidade civil
de crianças e adolescentes.
Outro ponto criticado pelos
deputados autores foi o trecho que considera como conduta discriminatória, e
não objeção de consciência, a recusa do médico em realizar a interrupção da
gestação por desconfiar da palavra da vítima de violência sexual.
Impacto para as meninas
Em contraponto, o Ministério das
Mulheres destacou que a gestação forçada é a maior causa de evasão escolar
feminina e leva à morte de uma menina por semana no Brasil.
O governo ainda ponderou que a
resolução do Conanda não ultrapassa suas funções nem cria novos direitos.
“Apenas detalha como aplicar a
lei para salvar vidas. Suspender esta medida é fechar os olhos para a violência
e falhar com as meninas brasileiras”, apontou o Ministério das Mulheres em
nota.
Fonte: Diário de Pernambuco.


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