Após horas de incerteza sobre o
futuro do cessar-fogo entre Irã e Israel, o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, pressionou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu em
um duro telefonema para impedir novos ataques contra Teerã. O governo de Israel
concordou em respeitar a trégua e anunciou que seu foco militar retornaria ao
confronto com o Hamas em Gaza.
"Agora a atenção retorna a
Gaza, para trazer os reféns para casa e desmantelar o regime do Hamas",
declarou o tenente-general Eyal Zamir, chefe do Estado-Maior do Exército
israelense.
A caminho da cúpula da Otan na
Holanda, Trump disse que pediu a Netanyahu para trazer de volta aeronaves
israelenses que estavam à beira de atacar o Irã. O republicano afirmou que a
"ultima coisa" que o Irã quer neste momento é uma arma nuclear.
"Israel, assim que fizemos o
acordo, saiu e lançou uma carga de bombas, como eu nunca vi antes. A maior
carga que já vimos. Não estou feliz com Israel," ele disse, acrescentando
que ficaria "realmente infeliz" se Israel atacasse o Irã em
retaliação por aquilo que o presidente descreveu como "um foguete que não
atingiu o alvo."
O presidente americano também
disse que foi uma "grande honra destruir todas as capacidades do
Irã". "Tanto Israel quanto o Irã queriam parar a Guerra, igualmente!
Foi minha grande honra Destruir Todas as Instalações e Capacidades Nucleares, e
então, PARAR A GUERRA!".
Ataques e conversa com Netanyahu
Segundo informações do Exército
de Israel, jatos do país realizaram um pequeno ataque contra um radar iraniano
ao norte de Teerã na manhã de terça-feira, recuando de uma ameaça de lançar uma
resposta enérgica aos mísseis lançados pelo Irã, que mataram quatro pessoas na
cidade de Beersheba, no sul de Israel, na noite de segunda-feira, 23.
A renovação das hostilidades colocou
em dúvida o cessar-fogo. Israel prometeu responder com força aos ataques do
Irã, mas reduziu sua ofensiva no último minuto depois que Netanyahu conversou
com Trump, segundo informações do portal americano Axios. Na ligação, o
presidente americano expressou sua desaprovação pela retaliação planejada de
"uma maneira excepcionalmente firme e direta."
Trump pediu que Israel cancelasse
o ataque por completo, mas o primeiro-ministro recusou, argumentando que Israel
deveria responder de alguma forma à violação do Irã. Os dois concordaram que a
resposta israelense seria "simbólica" e Netanyahu cancelou um grande
número de outros ataques planejados.
"O presidente disse a
Netanyahu o que precisava acontecer para sustentar o cessar-fogo. O
primeiro-ministro entendeu a gravidade da situação e as preocupações que o
Presidente Trump expressou," uma fonte da Casa Branca disse ao Axios.
Acusações
Em um comunicado, Netanyahu
alegou que o cessar-fogo estava programado para entrar em vigor às 7h no
horário de Israel. Quatro horas antes, às 3h, Israel atacou alvos "no
coração de Teerã", e o Irã respondeu com uma série de mísseis pouco depois
das 7h. Às 7h06 em Israel, o Irã disparou outro míssil e, então, mais dois às
10h25, de acordo com Israel.
O gabinete de Netanyahu afirmou
que esses mísseis foram interceptados ou caíram em áreas abertas.
Já Teerã afirma que seus
bombardeios ocorreram como retaliação ao ataque de Israel antes do início
previsto para o cessar-fogo. A Guarda Revolucionária Islâmica disse que, em
retaliação aos ataques israelenses "selvagens" ao Irã durante a
noite, o Irã lançou 14 mísseis contra centros militares e logísticos em Israel
nos "minutos finais" antes da trégua entrar em vigor, de acordo com
uma declaração publicada no canal do Telegram da Press TV, um canal de notícias
estatal iraniano.
A declaração não mencionou o
lançamento de nenhum míssil após o início do cessar-fogo, como Trump e Israel
acusaram. Além disso, um porta-voz militar iraniano, Tenente-Coronel Ebrahim Zolfaqari
disse que Israel lançou "três ondas de ataques" contra o Irã na
terça-feira de manhã, após o início previsto para o cessar-fogo, com a última
terminando às 9h no horário iraniano, de acordo com um relato da Press TV,
citando um relatório da Defa Press, outra agência de notícias iraniana.
Cessar-fogo e foco em Gaza
Depois da troca de ataques e
acusações, Trump disse que o cessar-fogo entre Israel e Irã estava "em
vigor".
O espaço aéreo iraniano foi
parcialmente reaberto hoje, de acordo com a empresa de monitoramento de aviação
FlightRadar24. "O espaço aéreo iraniano está agora aberto para chegadas
internacionais e partidas de/para Teerã com permissão prévia," disse o
Flightradar24 no X. O espaço aéreo iraquiano também foi reaberto, acrescentou.
Já o Exército de Israel afirmou
que estava retirando as restrições de emergência impostas durante a guerra com
o Irã, que fecharam escolas e locais de trabalho. A autoridade de Aviação Civil
de Israel anunciou que o Aeroporto Ben Gurion, próximo a Tel Aviv, seria
totalmente reaberto.
Segundo o chefe do Estado-Maior
do Exército de Israel, Eyal Zamir, Tel-Aviv retorna o foco para a luta contra o
grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza depois de 12 dias de guerra com o Irã.
"Agora a atenção retorna a
Gaza, para trazer os reféns para casa e desmantelar o regime do Hamas",
declarou o tenente-general Eyal Zamir em um comunicado.
Diplomacia
Uma série de países importantes
para a região celebraram o início do cessar-fogo. A China afirmou que apoia o
Irã na salvaguarda de sua soberania e segurança e em "alcançar um
verdadeiro cessar-fogo".
Já o Egito disse que irá
trabalhar com Teerã para reduzir as tensões no Oriente Médio. O Paquistão, país
que não tem relações diplomáticas com Israel, afirmou que está pronto para
promover a paz na região. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
Fonte: Diário de Pernambuco.
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