Manifestantes se reuniram em
várias cidades brasileiras, neste domingo (30), em atos contra a anistia aos
envolvidos na tentativa de golpe do 8 de janeiro. A maior concentração foi em
São Paulo, onde os participantes pediram punição aos participantes da depredação
dos prédios da Praça dos Três Poderes em janeiro de 2023 e ao núcleo político
da tentativa golpista, a começar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
As manifestações foram convocadas
por entidades sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União
Geral dos Trabalhadores (UGT), e coletivos como a Frente Brasil Popular, a
Frente Povo sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em São Paulo, a manifestação
começou na Avenida Paulista e seguiu pela Vila Mariana até o prédio do antigo
Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna
(Doi-Codi), onde eram presos e torturados os adversários da ditadura
cívico-militar instaurada em 1964.
O sentido simbólico das
manifestações foi o de ressaltar a importância da defesa da democracia e
lembrar como a última ditadura impedia as vozes e os atos. Para uma das
participantes do ano, Lenir Correia, a anistia dos atos de 8 de janeiro viria
como uma carta branca para futuras tentativas de golpe: “É contra a injustiça
que estamos aqui. Ele [Bolsonaro] foi uma pessoa que agiu contra o Brasil.”
“Quebraram todo o Congresso, picharam, fizeram
o que fizeram. Trata-se de defender tudo que é público, que é nosso”, completou
Lenir. Para ela, este tipo de protesto é importante para aumentar o número de
pessoas contra a anistia e contra atos deste tipo.
Para o manifestante Sada
Shimabuko, discutir anistia agora equivale a se colocar contrário à democracia.
Para Rosemeire Amadeu, que também acompanhava a manifestação, com uma anistia é
questão de tempo para que surjam novas tentativas de golpe.
Também participante do ato,
Emmanuel Nunes disse que é importante dar apoio para que os réus sejam julgados
nas vias normais, segundo o processo legal. “Para que não haja um conflito de
poderes, pois se o Legislativo vota a anistia geraria uma crise entre poderes
muito grande. Então a gente tem que garantir que haja o julgamento, e é
importante o recado das ruas”, concluiu.
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, o domingo
foi de planfletagem e de mobilização para o ato unificado contra a anistia que
ocorrerá na terça-feira (1º). Quem passou por pontos da cidade, como a Feira da
Glória, na zona central da cidade, pelo Museu da República, pelo Aterro do
Flamengo e Praia de Copacabana, na zona sul, por pontos do Grajaú, na zona
norte da cidade, encontrou grupos com cartazes, adesivo e panfletos.
“É uma questão que envolve pessoas de direita,
pessoas de centro, pessoas de esquerda, pessoas que defendem a democracia. Essa
é uma pauta até suprapartidária”, defendeu Sérgio Santana, que faz parte da
Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e da organização Advogadas e
Advogados Públicos para a Democracia e estava na manhã deste domingo
participando da ação em frente ao Museu da República, no bairro do Catete.
O grupo conversava com as pessoas
e entregava materiais explicativos, que defendem que os atos orquestrados e até
mesmo os planos para envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são
criminosos e que aqueles que participaram de alguma forma devem ser punidos.
“Nós estamos aqui contra o golpe. Nós não
queremos nem ditadura, nem tortura nunca mais. Esse é o nosso lema”, diz Regina
Toscano, que também participou da ação e faz parte do Núcleo Resistência do PT.
Na terça-feira, ocorrerá o ato
unificado no Rio de Janeiro. Os manifestantes caminharão do edifício que
abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) até a sede da
Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A manifestação lembra também o
aniversário do golpe de 1964 (31 de março), com o início da ditadura, e a busca
ainda hoje pela preservação da memória, por verdade e por justiça. Segundo
Sérgio Santana, o golpe de 1964 e os atos golpistas estão relacionados na
medida em que atentam contra o Estado Democrático de Direito.
Vários outros atos foram
registrados pelo país, porém com menor participação do que em São Paulo. Em
Brasília, a manifestação aconteceu no Eixão Norte, altura das quadras blocos
106 e 107. Belo Horizonte, Fortaleza, São Luís, Belém, Recife e Curitiba foram
outras capitais com mobilizações previstas para este domingo.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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