Pernambuco recebe iniciativa que conscientiza sobre feminicídio através de estabelecimentos


 

O Instituto Banco Vermelho, o Tribunal de Justiça de Pernambuco e a Secretaria Estadual da Mulher assinaram nesta segunda-feira (9)  o Protocolo de Intenções Feminicídio Zero. Estas entidades irão trabalhar de forma conjunta para reduzir os números de violência contra mulher em Pernambuco.

O acordo foi assinado diante da alta taxa de feminicídio em Pernambuco, que é o estado que mais mata mulheres por questões relacionadas ao gênero no Nordeste, segundo a pesquisa “Elas Vivem: liberdade de ser e viver”, da Rede de Observatórios da Segurança.

Na prática, os comerciantes que aderirem ao protocolo deverão divulgar  informações em redes sociais e site, com a manutenção mensal de, ao menos, um post e um stories em suas redes institucionais sobre a luta pelo Feminicídio Zero.

Além disso, se comprometem com a divulgação do canal de denúncia: Ligue 180, produzir  cartazes seguindo a temática do Feminicídio Zero desenvolvidos e cedidos pelo Instituto Banco Vermelho, a serem afixados em locais visíveis e públicos, garantindo que informações sobre prevenção à violência contra a mulher sejam acessíveis.

Eles ficarão comprometidos a elaborar e divulgar folhetos, lâminas ou flyers, tanto o%uFB00-line quanto online, orientando sobre os tipos de violência doméstica.

“Este é mais um movimento da sociedade civil, que tem a chancela da Secretaria estadual da Mulher, que estará fazendo políticas públicas, e da Justiça, que vai estar fazendo valer a lei. É um movimento encabeçado pelo Instituto Banco Vermelho para trazer a sociedade para o tema, fazendo todos de um possível vetor de prevenção”, destaca a diretora executiva do Instituto Banco Vermelho, Paula Limongi, em entrevista ao Diario.

O protocolo tem como objetivo impactar diretamente todas as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, possibilitando suas inserções na vida social e profissional, oportunizando uma vida digna, livre de ameaças e agressões de todas as ordens. 

“Aquela mulher que não se entende vítima, ao ler um anúncio no banheiro e ao ver uma palestra vai perceber que sofre estas violências. As vítimas não morrem da noite para o dia, o feminicídio dá sinais. Tem a violência física, emocional, patrimonial. Então esta cliente ou funcionária vai entender que isso é crime”, pontua Paula Limongi.

Ainda segundo a diretora executiva, também haverá mensagens voltadas para o público masculino, responsável pelos altos números de feminicídio.

Dados da Rede de Observatórios da Segurança mostram que Pernambuco somou, em 2023, 93 casos de feminicídio, sendo que 62 foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Pernambuco liderou o ranking com o número de mulheres mortas por arma de fogo, totalizando 28. Além disso, foram cinco casos de  transfeminicídios. 

Ministério Público lança Nota Técnica para proteger identidade de vítimas de violência

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) lançou na última quinta-feira (5) a  Nota Técnica Conjunta nº 01/2024, que visa garantir a proteção da identidade das mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero. 

A Nota Técnica foi lançada no encontro “A proteção integral dos direitos da personalidade das vítimas de violência de gênero: diretrizes para a cobertura midiática adequada e eliminação de estereótipos de gênero". 

Desde a inclusão do artigo 17-A na Lei Maria da Penha, a legislação passou a determinar o sigilo do nome das ofendidas nos processos. 

Essa proteção se insere em um contexto maior de salvaguarda dos chamados direitos da personalidade, que são definidos no Código Civil e incluem a proteção da imagem, da privacidade e do nome de uma pessoa diante de exposição que atinja sua dignidade.

"A gente vive um momento importante no Ministério Público, que é de ser proativo no acolhimento às vítimas que nos procuram. E, por outro lado, precisamos pensar sobre o papel da imprensa para não expor essas pessoas nas notícias. Notamos, infelizmente, uma falta de empatia que leva à superexposição de informações pessoais e imagens das mulheres vítimas, principalmente, nas redes sociais", alertou o Procurador-Geral de Justiça, Marcos Carvalho, na abertura do evento.

"As mulheres sofrem diversos questionamentos e julgamentos depois de passarem pela violência, algo que a gente não vê com pessoas que foram roubadas, por exemplo. Então eventos como este são uma oportunidade para articular a rede e convidar o público para essa discussão", explicou Maísa Oliveira.

O Ministério Público destaca que a exposição do nome ou imagem de vítimas de violência de gênero, inclusive com transmissão do exato momento dos crimes, pode aumentar o sofrimento da vítima e de sua família. Além disso, pode causar danos irreparáveis à vítima, afetar suas relações sociais e profissionais; impactar crianças e adolescentes do círculo familiar; e desrespeitar a memória da vítima e dos seus familiares e amigos.

Fonte: Diário de Pernambuco.

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