Ex-número dois da
Secretaria-Geral da Presidência, o general Mário Fernandes é apresentado nos
relatórios da Polícia Federal como um dos líderes mais radicais na
articulação do suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Alexandre Moraes.
O plano, denominado de
"Punhal Verde e Amarelo", foi impresso por ele no Palácio do Planalto
e previa, após os assassinatos, a instituição do "Gabinete Institucional
de Gestão da Crise", que deveria ser ativado em 16 de dezembro de 2022.
Fernandes, que foi um dos cinco
presos na terça-feira, seria assessor estratégico neste gabinete que passaria a
funcionar após a execução do plano. A defesa dele não se manifestou após a
prisão.
"Se trata, de fato, de um
dos militares mais radicais que integrava o mencionado núcleo militar, fato que
foi ressaltado pelo colaborador Mauro César Barbosa Cid em seu acordo de
colaboração premiada”, diz o relatório da PF.
Fernandes era
secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência quando imprimiu, no
Palácio do Planalto, o planejamento operacional do golpe. Segundo a PF, era ele
quem organizava a operação para monitorar Moraes.
De acordo com o Portal da
Transparência, Fernandes tinha em 2022 cargo comissionado executivo “11.8”, o
que corresponde atualmente a um salário de R$ 18.887. Além disso, ele é militar
da reserva desde 2020. A remuneração militar bruta dele de agosto desse ano foi
de R$ 33.223
Ele foi também assessor do
deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro de Bolsonaro. Em nota, Pazuello
afirmou que Fernandes "trabalhou em seu gabinete como assessor de 28 de
março de 2023 a 04 de março de 2024, quando foi identificado seu impedimento para
exercer o cargo".
Pazuello disse que só tomou
conhecimento da operação por meio da imprensa, mas "reafirma sua crença
nas instituições do país e na idoneidade do General Mário Fernandes, na certeza
de que logo tudo será esclarecido".
Fernandes exercia um “cargo de
Natureza Especial", segundo a transparência da Câmara, o que lhe daria um
salário aproximado de R$ 15.600.
Em reunião anterior às eleições
de 2022, com a presença do então presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes
do primeiro escalão do governo, Fernandes defendeu a necessidade de tomar
medidas antes das eleições, questionando se seria necessário um novo golpe,
como o de 1964.
A PF identificou também a
presença dele em manifestações que pregavam a ruptura democrática após a
derrota de Bolsonaro para Lula.
"As informações obtidas
indicam que Mário Fernandes atuou no planejamento, coordenação e execução de
atos antidemocráticos, inclusive com registros de frequência ao acampamento
montado nas adjacências do Quartel General do Exército e, ainda, de relação
direta com manifestantes radicais que atuaram no período pós-eleições de 2022”,
diz a PF.
O general teria ainda falado
diretamente com Bolsonaro sobre sua preocupação dos atos golpistas estarem
perdendo a força
"No dia 08 de dezembro de
2022, Fernandes indica ter conversado pessoalmente com o então presidente Jair
Bolsonaro. Além disso, mostra grande preocupação com os movimentos
antidemocráticos que estavam nas ruas, principalmente com a possibilidade de perder
o controle sobre a massa de pessoas envolvidas nas manifestações”, diz a PF
Fernandes também tinha linha
direta com o general Luiz Eduardo Ramos, ex-chefe da Casa Civil. Há registros
de áudios enviados por Fernandes a ele entre os dias 15 e 16 de dezembro.
No primeiro, ele pede que Ramos
“blinde o presidente [Bolsonaro]” contra qualquer desestímulo. Já mais para o
final de dezembro daquele ano, Fernandes parecia frustrado com as Forças
Armadas, segundo a PF.
Fernandes é filho de militar e de
professora. Ele nasceu em Brasília (DF) e entrou para o Exército Brasileiro em
26 de fevereiro de 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
Assim como Bolsonaro, ele também
é paraquedista. Segundo informações divulgadas pelo Exército, ele é doutor em
ciência e arte da guerra na Escola de Comando e Estado- Maior e já recebeu
diversas condecorações da corporação.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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