O vice-presidente Geraldo Alckmin
apresentou oficialmente, ontem, a nova meta brasileira de redução da emissão
dos gases do efeito estufa (GEEs) de 59% para 67% em 2035. Representando o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no terceiro dia da Conferência da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as Mudanças Climáticas, a COP29, que
ocorre em Baku, no Azerbaijão, Alckmin reforçou o compromisso do governo em
cumprir com rigor os objetivos climáticos previstos na Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês).
Nesse documento, cada país para
reduzir emissões e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Alckmin
afirmou que a meta entregue pelo Brasil é "ambiciosa, mas também
factível". "O Brasil sai de um modelo negacionista, para a liderança
e protagonismo no combate às mudanças climáticas", declarou o vice-presidente.
Além de reunir um resumo de
políticas públicas que se somam para viabilizar as metas propostas na NDC, como
o Plano de Transformação Ecológica, o documento também detalha por setor da
economia brasileira, as ações que vêm sendo implementadas no país para que as
emissões de gases do efeito estufa sejam mitigadas.
O compromisso assumido pelo
Brasil significa uma redução de emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de
toneladas de CO2 equivalente a ser alcançada nos próximos 11 anos. Foi incluída
no documento a proposta de fazer a transição energética, com redução do uso de
combustíveis fósseis. O governo também citou a intenção de investir em novas
tecnologias.
Apesar das considerações do
governo, ambientalistas avaliaram a nova meta como pouco ambiciosa diante da
intenção das autoridades brasileiras de protagonizar o debate climático global.
Os números decepcionaram organizações da sociedade civil, que esperavam uma
meta mais precisa. Para entidades, o documento não atende aos cortes
necessários estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas da ONU (IPCC) para que o mundo consiga manter a média de aquecimento
da temperatura global em 1,5ºC.
Acordo de Paris
A proposta enviada por elas ao
governo brasileiro, em agosto passado, indicava que o Brasil deveria emitir 200
milhões de toneladas líquidas de CO2 equivalente, se o país realmente quisesse
cumprir o limite de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris.
"Esses números estão
desalinhados com a contribuição justa do Brasil para a estabilização do
aquecimento global. Também estão desalinhados com os diversos compromissos
públicos já adotados pelo governo, bem como com a promessa do Presidente da
República de zerar o desmatamento no país", argumentou o Observatório do
Clima.
Em resposta às críticas, a
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que, apesar do intervalo, a
ideia é chegar ao objetivo mais ambicioso possível e reafirmou o compromisso de
atingir o desmate zero até o fim desta década. "A banda (intervalo) é tão
somente para ter ali um processo que assimile possíveis variações. Como a
inflação, é em bandas, mas o que se quer é controle da inflação",
disse.
Fonte: Correio Braziliense.
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