Imagem: Rebecca Droke / AFP |
Sangrando,
com o punho erguido e a bandeira americana ao fundo, Donald Trump convocou seus
apoiadores a lutar. O republicano sobreviveu neste sábado (13) a uma tentativa
de assassinato, que pode impusionar seu desejo de retornar à Casa Branca.
Para o
ex-presidente, sua salvação responde a uma obra de Deus. Ele pediu união, e que
se evite "que o mal vença".
O foco se
desviou dos problemas na Justiça para o risco que Trump correu. O episódio
obrigou seu adversário, o presidente democrata, Joe Biden, a suspender
temporariamente seus atos de campanha, e atraiu a solidariedade de líderes que
divergem do pensamento do republicano.
Trump é
aguardado nesta semana na Convenção Nacional em Milwaukee por uma multidão
pronta para proclamá-lo não apenas candidato oficial do Partido Republicano,
mas também um sobrevivente milagroso.
Nas redes
sociais, surgiram imagens criadas por apoiadores em que uma mão divina bloqueia
o tiro que atingiu a orelha direita de Trump durante o comício em Butler,
Pensilvânia.
“Acredito
que isso vá fortalecer a base eleitoral de Trump e unir os republicanos em
torno dele", diz Wendy Schiller, professora de ciência política na
Universidade de Brown. "Mas não estou convencida de que isso vá atrair o
voto dos eleitores independentes.”
- Nasce um
'mártir' -
O ataque a
tiros fez com que aquele que os críticos acusam de ser uma ameaça à democracia
e ao Estado de Direito se tornasse uma vítima da violência política.
O senador
democrata da Pensilvânia, John Fetterman, alertou hoje que o ataque não deve se
tornar “uma oportunidade para a política ou estratégia”.
A retórica
de Trump, que, afundado em escândalos na Justiça, afirma que querem tirá-lo do
caminho eleitoral, pode ser fortalecida. Segundo disse à rede de TV CNN o
ex-estrategista democrata da Casa Branca David Axelrod, Trump deve ser
“recebido como uma espécie de mártir” em Milwaukee.
O primeiro
ex-presidente americano condenado criminalmente teve sucesso na arrecadação de
fundos para enfrentar seus custos legais.
-
Antecedente de Reagan -
Para seus
adversários, pode se tornar mais difícil criticar Trump, que escapou da morte
durante um ato democrático.
A tentativa
de assassinato do presidente republicano Ronald Reagan, gravemente ferido por
disparos em 30 de março de 1981, em Washington, permitiu-lhe um grande salto de
popularidade.
Apesar dos
ferimentos, Reagan insistiu em entrar caminhando na emergência do hospital
George Washington, e os americanos ficaram profundamente comovidos nos dias
seguintes, ao verem o presidente brincar com médicos e enfermeiras.
Mas o
benefício, em longo prazo, pode estar mais relacionado ao aumento da
participação eleitoral e à garantia de votos, do que à atração dos indecisos.
“No fim, os
eleitores vão se acalmar e se voltar para o seu candidato preferido. As pessoas
que se aproximam de Trump por simpatia provavelmente voltarão atrás",
publicou no X o pesquisador veterano Frank Luntz.
"Mas o
que aconteceu, definitivamente, vai afetar a votação final, garantindo que
todos os eleitores de Trump realmente vão votar", acrescentou Luntz.
O
pesquisador acredita que o aumento da participação pode valer a Trump até dois
pontos na apuração total em todo o país, com um impulso mais acentuado na
Pensilvânia, um estado crucial, que Biden precisa defender se quiser ter
chances de vencer em novembro: "O caminho de Joe Biden se tornou ainda
mais longo e sinuoso.”
Reportagem de AFP para o Diário de Pernambuco. Disponível
em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/mundo/2024/07/tentativa-de-assassinato-pode-favorecer-candidatura-de-trump.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário