O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) disparou nesta segunda-feira (22/9) fortes críticas às
ações de Israel na Faixa de Gaza, e cobrou mais ações da comunidade
internacional pela criação efetiva do Estado Palestino.
Lula citou que há “genocídio” e
“limpeza étnica” ocorrendo no enclave, e que os ataques israelenses visam
impedir a criação do Estado Palestino. O discurso ocorreu durante a Conferência
Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a
Implementação da Solução de Dois Estados, realizada na sede das Nações Unidas,
em Nova York.
“Um Estado se assenta sobre três pilares: o
território, a população e o governo. Todos têm sido sistematicamente solapados
no caso palestino. Como falar em território diante de uma ocupação ilegal que
cresce a cada novo assentamento? Como manter uma população diante da limpeza
étnica à qual assistimos em tempo real? E como construir um governo sem
empoderar a Autoridade Palestina?”, declarou Lula.
A Conferência foi convocada pela
França e pela Arábia Saudita, como forma de angariar apoio à criação do Estado
Palestino. O presidente francês, Emmanuel Macron, que presidiu a sessão,
anunciou oficialmente que a França passou a reconhecer a nação.
Apoio ao Estado Palestino
No domingo, o Reino Unido,
Portugal, Austrália e Canadá fizeram o mesmo, marcando um aumento no apoio
internacional à Palestina e da pressão para que Israel cesse os ataques. O
presidente da Autoridade Palestina — grupo sem ligação com o Hamas e que
governa parte da Cisjordânia —, Mahmoud Abbas, participou por videoconferência,
após ser impedido pelo governo Donald Trump de entrar nos Estados Unidos.
Lula afirmou ainda que “não há
palavra mais apropriada para descrever o que está acontecendo em Gaza do que
genocídio”, e que o conflito entre Israel e Palestina é o maior exemplo do
desmonte das organizações multilaterais, principalmente do Conselho de
Segurança da ONU, que não tem meios para impedir conflitos ou crises
humanitárias atualmente.
“Os atos terroristas praticados
pelo Hamas são inaceitáveis. O Brasil foi enfático ao condená-los. Mas o
direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis. Nada
justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças. Nada justifica
destruir 90% dos lares palestinos, usar a fome como arma de guerra nem alvejar
pessoas famintas em busca de ajuda. Meio milhão de palestinos não têm comida
suficiente, mais do que a população de Miami ou de Tel Aviv”, acrescentou Lula.
Exemplo no Apartheid
O chefe do Executivo também
anunciou que o Brasil vai reforçar o controle da importação de produtos vindos
de assentamentos israelenses na Cisjordânia, bem como manter suspensas as
exportações de materiais de defesa que possam ser usados nos ataques a Gaza ou
outras nações.
Sugeriu ainda a criação de um
mecanismo similar ao Comitê Especial das Nações Unidas contra o Apartheid,
criado para combater o regime de segregação racial na África do Sul nos anos
90. “O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino,
mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a
Palestina têm o direito de existir”, enfatizou Lula.
Apesar da crescente pressão
contra Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeita a possibilidade
de o país reconhecer a soberania palestina, e mantém a ocupação na Faixa de
Gaza.
“Tenho uma mensagem clara para os
líderes que reconheceram um Estado Palestino após o horrível massacre de 7 de
outubro: vocês estão dando uma enorme recompensa ao terrotrismo. Isso não vai
acontecer. Nenhum Estado Palestino será estabelecido a oeste do Rio Jordão”,
declarou Netanyahu logo após o anúncio feito pelo Reino Unido e outros países.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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