Desafios da mulher negra perante uma sociedade machista e racista


Os desafios enfrentados pelas mulheres são imensos, passando pela desigualdade de gênero e salarial, violências física, psicológica, moral e sexual, pelo controle sobre o próprio corpo, pela desigualdade no mercado de trabalho e pela dupla jornada, entre muitos outros.

Quando se trata da mulher negra, esses desafios tornam-se ainda mais significativos. Além dos obstáculos já citados, surgem barreiras como a limitação do direito de ir e vir, a falta de acesso à educação — frequentemente substituída pela entrada precoce no trabalho doméstico — muitas vezes mal remunerado ou até mesmo sem qualquer remuneração. Um exemplo emblemático é o caso de Sonia Maria de Jesus, de 51 anos, mulher negra e surda que foi mantida por quase quatro décadas em situação de escravidão contemporânea pelo desembargador Jorge Luiz de Borba, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.


Mesmo com avanços tecnológicos, sociais e educacionais se comparados às décadas anteriores, casos como esse ainda acontecem. Grande parte das mulheres negras desconhece seus direitos e, por confiarem em seus empregadores, acabam sendo ludibriadas por discursos acolhedores que as fazem acreditar que “fazem parte da família”, o que as mantém submetidas a situações de abuso e exploração.

Diante disso, é fundamental que a luta pela igualdade — não só de gênero, mas também racial — seja mais consistente, firme e vibrante, para construir uma sociedade verdadeiramente igualitária e segura para todos.

Com esse propósito, a Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (AMUNAM) desenvolveu o projeto “Negra Também é Gente”, voltado ao empoderamento de mulheres negras. O projeto oferece um ambiente de ensino não formal, com cursos profissionalizantes que promovem autonomia financeira, além de atividades formativas sobre direitos e formas de reivindicá-los.

Lucas M. Silva

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