As estratégias para ampliar as
relações comerciais foi tema de reunião virtual entre os países membros do
Brics nesta segunda-feira (8). De acordo com o economista, doutor em economia e
professor da FIA Business School, Paulo Feldmann, o fortalecimento das relações
comerciais do Brasil com os países do grupo, principalmente a Índia, pode ser
uma saída para equilibrar as perdas com a taxa de 50% nas exportações para os
Estados Unidos.
Segundo Feldmann, o momento é
oportuno para que os países comecem a estreitar as suas relações comerciais,
que ainda são pequenas. “A Índia é um mercado enorme, pois é o país mais
populoso do planeta, com uma população maior do que a China. É uma oportunidade
excelente para o Brasil porque ainda é um mercado pouco explorado. O nosso país
é o mais competitivo do mundo na agricultura e em minerais. Temos condições de
vender mais produtos para a índia como milho, trigo, soja e açúcar”, aponta.
Ainda segundo ele, no caso do minério de ferro, por exemplo, o país pode ser
também um comprador importante do Brasil.
Para o economista, além de serem
países democráticos, diferente da maioria dos países do Brics, o Brasil e a
índia também compartilham outra coisa em comum: são os países com as tarifas
para exportação mais altas no tarifaço, ambos com 50% sobre as exportações aos
Estados Unidos.
“O Brasil e a Índia certamente
não vão gostar se o Brics partir para medidas autoritárias. Então os países
precisam estar juntos mesmo, caso isso venha a acontecer. Principalmente agora,
depois de todas as medidas de Trump nos Estados Unidos, essa é uma oportunidade
enorme para o Brasil e a Índia se juntarem e venderem mais um para o outro”,
analisa. Ele indica que essa aproximação comercial pode ser uma solução para
compensar os impactos do tarifaço ao Brasil.
Relações comerciais entre
os Brics
De acordo com Feldmann, os
posicionamentos recentes do presidente Lula indicam que o governo federal deve
seguir a estratégia de estreitar as relações comerciais. Segundo ele, essa é a
hora correta para os países do Brics darem uma atenção maior às trocas
comerciais, pois o grupo não existia com essa intenção. “Se o Brics souber
aproveitar o momento, ele pode passar a virar um grande bloco comercial”,
afirma Feldmann, que destaca ainda a potência dos Brics, que representam metade
da população mundial.
O economista explica que, entre
os países do Brics, a China, que já é o principal parceiro comercial do Brasil,
deve também reforçar as relações com o país. Inclusive, ele indica que isso é
algo que já está acontecendo porque o governo brasileiro tem incentivado uma
aproximação ainda maior com o país.
Críticas de Lula à OMC
Durante a reunião com a cúpula
dos Brics, o presidente Lula reforçou o discurso sobre uma possível reforma na
Organização Mundial do Comércio (OMC) como forma de aumentar a regulamentação
no livre comércio entre os países e ser mais incisiva em relação ao tarifaço
imposto por Donald Trump.
De acordo com o economista, essa
estratégia não deve dar certo, pois a OMC é sustentada pelos Estados Unidos. “A
OMC dificilmente aprovaria medidas que o Brasil propõe para tornar a OMC mais
atuante contra os Estados Unidos. Os EUA têm um poder muito grande por conta
das contribuições, o país sustenta a organização financeiramente”, analisa.
Ainda segundo o economista, o
próprio presidente do Brasil reconhece que a OMC não vai fazer nada porque é
muito influenciada pelos Estados Unidos. “O Brasil não vai conseguir ter uma
liderança sobre os países da OMC como ele tem sobre o Brics”, conclui.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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