O presidente da Câmara, Hugo
Motta (Republicanos-PB), se reuniu no início da noite desta quarta-feira com o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e com os
presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, deputado
Marcos Pereira (SP). Os quatro deram continuidade às negociações para que haja
o avanço do projeto de lei de anistia ao 8 de janeiro, que tem potencial de
beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reunião também serviu para uma
avaliação política do momento atual e sobre como o julgamento do Supremo
Tribunal Federal (STF) da trama golpista, do qual Bolsonaro é alvo, vai afetar
a conjuntura nacional.
Após o encontro, Motta seguiu
para um jantar em Brasília com aliados, que contou com a participação de Marcos
Pereira, que também tem articulado favorável à anistia. Por sua vez, Tarcísio
voltou para São Paulo, onde recebeu, no Palácio dos Bandeirantes, o líder do PL
na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia
de Deus Vitória em Cristo, um dos principais aliados de Bolsonaro e também um
dos principais articuladores da anistia.
A tendência é que o assunto ganhe
força na próxima reunião de líderes da Câmara, prevista para a semana que vem.
Deputados dizem que Hugo Motta falou que vai precisar tirar o tema da frente e
que ele inevitavelmente vai ter que ser discutido pela Casa.
A presença do governador no
tabuleiro repercute diretamente nas conversas políticas. A avaliação de
caciques do PP, União Brasil, Republicanos e PL, com adesões parciais em PSD e
MDB, é que a pauta da anistia passou a expressar a formação de uma coalizão
eleitoral de oposição para 2026. Esse arranjo — ainda em consolidação — tem
dois objetivos: viabilizar Tarcísio nacionalmente, com o aval explícito de
Bolsonaro, e unificar o bloco em torno de uma agenda comum no Congresso.
A ideia é que Tarcísio precisa
usar o seu peso político como governador de São Paulo para aprovar a proposta e
mostrar a Bolsonaro que é viável para ser o representante da direita na eleição
presidencial de 2026. Integrantes de partidos do Centrão, principalmente Ciro
Nogueira e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tentam um aval do
ex-presidente para que o governador seja logo apontado como candidato.
Bolsonaro está inelegível por
ataques às urnas eletrônicas e pode ser condenado à prisão no caso da trama
golpista. Bolsonaristas querem uma anistia que recupere a elegibilidade e
impeça a condenação, mas o conteúdo, porém, segue em disputa.
Dirigentes do centro trabalham
uma versão menor e que mantenha fora do projeto a inelegibilidade do
ex-presidente.
O apoio de Tarcísio também traz o
endosso dos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do Republicanos, Marcos
Pereira, na visão de líderes partidários envolvidos nas articulações. Os dois
chefes de partidos estão diretamente envolvidos na pressão para pautar o texto,
ainda que, a interlocutores não se comprometam ainda com o mérito da
iniciativa, com a defesa de que um acordo sobre o conteúdo ainda precisa ser
ajustado.
Por sua vez, os presidentes do
PP, do União Brasil, Antonio Rueda, além do próprio PL de Bolsonaro têm
pressionado para pautar a iniciativa e aprovar um texto de alcance amplo que
pelo menos impeça a condenação de Bolsonaro no caso da trama golpista.
Fonte: Folha de Pernambuco.
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