A expectativa sobre uma eventual
votação do projeto de lei que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro, com
possível favorecimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cresceu dentro da
Câmara dos Deputados. Líderes partidários tentam um acordo para que o tema seja
pautado após o julgamento da trama golpista, previsto para acabar no próximo
dia 12.
Após reunião com líderes, o
presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que vem resistindo a levar a
pauta a votação, reconheceu o aumento da pressão.
— Os líderes estão cobrando,
estamos avaliando e temos que conversar mais — disse Motta. — Aumentou o número
de líderes pedindo.
O movimento a favor do texto
cresceu com a articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), que é apontado como um nome para representar a oposição na
eleição presidencial de 2026.
Tarcísio tenta ganhar o apoio de
Bolsonaro ao articular o projeto e conversou sobre o assunto por telefone na
segunda-feira com o presidente da Câmara, seu colega de partido. Segundo
relatos, Motta declarou que o tema é complexo e uma anistia ampla não passa na
Casa, mas não se negou a discutir o texto.
Nova reunião
O chefe da Câmara reuniu líderes
partidários na tarde de ontem e, segundo presentes, descartou votar a anistia
nesta semana. Apesar disso, Motta declarou que o assunto precisará voltar a ser
discutido em uma próxima reunião com líderes, que pode acontecer amanhã ou na
terça-feira que vem.
Bolsonaro já está inelegível por
ataques às urnas eletrônicas e é alvo do julgamento do STF que apura a
existência de uma trama golpista para ele se manter no poder e impedir a
eleição do presidente Lula.
Diante da pressão de Bolsonaro no
Poder Judiciário, aliados tentam aprovar uma anistia, mas ainda não sabem em
que amplitude e se haveria apoio para reverter a inelegibilidade dele ou
eventual condenação na Corte.
As bancadas do União Brasil, PP e
Republicanos pressionaram para que o tema seja pautado e até deputados
governistas avaliam agora que o tema ganhou força e pode ser colocado em
votação no plenário da Câmara.
— Existe essa discussão, cresceu
o movimento com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio, aqui em
Brasília, de colocar em discussão essa questão da anistia para depois do
julgamento. Isso é um equívoco — disse o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ).
Ontem, o senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ) elogiou Tarcísio e disse que o governador está dedicado nas
articulações pela anistia:
— Ele é leal ao Bolsonaro. Espero
que possamos nos próximos dias entregar esse projeto de anistia. Ele tem
mergulhado de cabeça nisso.
Na segunda-feira, além de falar
com Hugo Motta, Tarcísio conversou com Marcos Pereira, presidente do
Republicanos, sobre como acelerar a votação do projeto, como revelou o
dirigente. Além disso, o governador se comprometeu publicamente a conceder um
indulto a Bolsonaro como “primeiro ato”, caso seja eleito presidente da
República. A declaração ocorreu após críticas do deputado federal Eduardo
Bolsonaro e do vereador do Rio Carlos Bolsonaro sobre as articulações mais
claras por uma chapa de centro-direita contra Lula enquanto Bolsonaro está em
prisão domiciliar.
A promessa do governador, assim
como sua afirmação de que não confia na Justiça, gerou reação ontem do ministro
da Casa Civil, Rui Costa.
— É lamentável ver um governador
que foi empossado pela Justiça dizer que não crê na Justiça. Se não há Justiça,
vale tudo. Ele, por exemplo, não seria governador de São Paulo se não houvesse
Justiça, até porque quem promulga o resultado da eleição é a Justiça Eleitoral
— disse o ministro.
Fonte: Folha de Pernambuco.
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