Os pedidos foram apresentados
após Moraes abrir prazo, na semana passada, para que os advogados se
manifestassem sobre eventuais diligências a serem realizadas antes da fase de
alegações finais do processo. A medida ocorreu após o encerramento da etapa de
interrogatórios dos réus.
A defesa do ex-presidente Jair
Bolsonaro solicitou a anulação do acordo de delação premiada firmado por Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens, com base em mensagens que teriam sido enviadas por
Cid a partir de um perfil no Instagram em nome de outra pessoa. A autenticidade
das mensagens foi questionada por sua defesa, que nega que o conteúdo tenha sido
produzido por ele. Os advogados de Bolsonaro também pediram mais tempo para
apresentar diligências e reforçaram o pedido de acesso a mensagens apreendidas
em investigações relacionadas.
A defesa do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, pediu que o
Comando da Marinha seja obrigado a apresentar a ordem de movimentação das
tropas que participaram do desfile de blindados ocorrido em agosto de 2021, na
Esplanada dos Ministérios, durante a Operação Formosa. O evento ocorreu no
mesmo dia da votação, na Câmara dos Deputados, da proposta sobre o voto
impresso, defendida por Bolsonaro.
Já os advogados de Anderson
Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal, pediram uma acareação com o ex-comandante do Exército general Freire
Gomes. O objetivo é confrontar os depoimentos sobre reuniões com teor golpista.
A defesa de Torres também solicitou uma perícia para tentar desvincular a
chamada “minuta do golpe”, apreendida com ele, das discussões atribuídas a
Bolsonaro e ao então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira.
A defesa do general Walter Braga
Netto também solicitou uma acareação entre o ex-ministro e Mauro Cid. Os
advogados alegam que há divergências sobre o plano chamado “Punhal Verde e
Amarelo” e a suposta entrega de recursos para financiar as ações descritas no
plano, que incluiriam o monitoramento e até o assassinato de autoridades. A
defesa pediu ainda mais 30 dias para análise do material reunido pela Polícia
Federal.
No mesmo sentido, o general
Augusto Heleno pediu mais tempo para examinar as provas. Segundo os advogados,
o volume de arquivos torna inviável a análise no tempo concedido, especialmente
em razão da forma como os documentos foram catalogados.
A defesa de Mauro Cid também
alegou dificuldades para analisar os “inúmeros terabytes” de dados disponibilizados,
além de arquivos da Abin e da Secretaria de Operações Integradas do DF sobre
acampamentos e os atos de 8 de janeiro de 2023.
Os pedidos serão analisados por
Moraes, que poderá deferi-los ou rejeitá-los. A decisão impactará diretamente o
andamento da ação penal. Concluída essa fase, o ministro deve abrir prazo para
as alegações finais das partes.
O rito prevê 15 dias para
manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela
acusação, seguidos de igual prazo para a defesa de Mauro Cid. Após isso, começa
a contagem do prazo para os demais réus. Só então o relator poderá elaborar seu
voto.
Quando a ação penal estiver
pronta para julgamento, Moraes deverá encaminhá-la à Primeira Turma do STF.
Caberá ao presidente do colegiado marcar a data da análise. A expectativa entre
ministros, conforme mostrou O Globo, é de que o julgamento ocorra até setembro.
Fonte: Folha de Pernambuco.
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