Alepe endurece o jogo com Raquel
A governadora em exercício
Priscila Krause (PSDB) fez uma tremenda descortesia com a Assembleia
Legislativa ao nomear mais de 100 cargos comissionados na gestão de Fernando de
Noronha sem sequer o nome do novo administrador ter sido sabatinado pela Comissão
de Justiça da Casa.
O presidente da Comissão, Alberto
Feitosa (PL), já deixou vazar que não vai pautar nem tão cedo a sabatina do
advogado Virgílio Oliveira, indicado para o cargo pelo Avante. “Também não é
dada como certa a sua aprovação quando vier a entrar em pauta”, disse, ontem,
um parlamentar com bom trânsito entre todos os partidos no Legislativo.
Esta não será uma reação única e
isolada da Alepe. Soube, ontem, que a bancada de oposição vai exigir que a
governadora Raquel Lyra (PSD), que hoje volta das suas férias no Canadá, preste
contas do primeiro empréstimo de R$ 3,4 bilhões que a Casa aprovou no ano
passado. Do contrário, o novo pedido de autorização para um empréstimo de R$
1,5 bilhão não será colocado em pauta.
“Precisamos saber para onde está
indo tanto dinheiro”, disse o líder do PSB na Alepe, Sileno Guedes, para quem a
governadora tem que elencar obra por obra, seus valores e estágios de andamento
para que o Legislativo se convença de que a dinheirama está sendo bem
empregada, com retornos vantajosos para o Estado.
Priscila enviou, no último dia
21, à Assembleia Legislativa, o novo pedido de autorização para contratar um
empréstimo de R$ 1,5 bilhão, com garantia da União. Segundo a mensagem, o
dinheiro será aplicado em obras no Estado. De acordo com o texto, o valor
contratado será de R$ 1.513.205.279,42. Trata-se do limite autorizado pelo
governo federal ao Estado para captação em 2025.
ESTRADAS E ÁGUA – Na mensagem, o Governo diz que o dinheiro
será investido na recuperação da infraestrutura das rodovias, por meio do
programa PE na Estrada. O texto enviado à Alepe também cita obras nos setores
hídrico, urbano e rural, além de equipagem de unidades de saúde, segurança e
educação. No projeto, o governo esclarece que o empréstimo será contratado
junto a instituições financeiras nacionais, mas ainda não há definição sobre
qual banco liberará o crédito, o que só deve ocorrer após a autorização da
contratação por parte do Legislativo.
Com Dilma, não deu certo! – Quando esteve ameaçada de sofrer
impeachment, a então presidente Dilma (PT) começou a fazer bondades com o
chapéu alheio. Aos deputados, liberou emendas. Aos prefeitos, aumentou o
Bolsa-Família, distribuiu ônibus, assinou convênios para cozinhas comunitárias
e creches. Não escapou da degola. Pernambuco vive momento semelhante com Raquel
Lyra, que transformou sua Assessoria Especial numa grande sinecura (emprego sem
exigência de trabalho) e abriu os cofres para ônibus, cozinhas e creches. A
tentativa é desesperadora para se salvar em 2026, quando disputa a reeleição
contra João Campos (PSB).
A largada de João – Por falar em João Campos, a largada de sua
pré-campanha ao Governo do Estado foi dada no último fim de semana, quando
participou dos congressos estaduais do PSB em São Lourenço, englobando a Região
Metropolitana, e em Afogados da Ingazeira, etapa de inclusão e mobilização do
Sertão do Pajeú. Segundo as últimas pesquisas, se as eleições para governador
de Pernambuco fossem hoje, o socialista frustraria o projeto de reeleição de
Raquel com muito esforço. Abre uma frente de 40 pontos e aparece na dianteira
em todas as regiões do Estado, inclusive no Agreste, região onde se insere a
sua Caruaru.
A botija de Zeca – Tão logo foi eleito, o prefeito de
Arcoverde, Zeca Cavalcanti (Podemos), jogou pedras no seu antecessor Wellington
Maciel (MDB) pelo rombo no caixa municipal que herdou. Mas pelo tamanho da
festa e a caríssima grade de artistas que está contratando para o São João, em
anúncio no último fim de semana, os cofres da municipalidade não sangram. Dá a
entender ao contrário, que estão abarrotados de dinheiro. A não ser que o
prefeito tenha achado uma botija, com um “empurrãozinho” da governadora Raquel
Lyra.
Sem tratamento diferenciado – O presidente da Amupe e do
Podemos, Marcelo Gouveia, diz que nunca houve tratamento diferenciado a
prefeitos por parte do Governo Raquel. “Tanto os prefeitos da situação quanto
da oposição são atendidos da mesma forma e estão satisfeitos com esta postura
adotada por ela”, diz. Para ele, os municípios têm a prioridade da governadora
porque enfrentam muitas dificuldades. “A maioria gasta tudo que recebe da
União, através do FPM. Na verdade, fui prefeito e nada sobra no final do mês”,
acrescentou, referindo-se à sua passagem pela Prefeitura de Paudalho em dois
mandatos.
CURTAS
BOTANDO A CARA – Mesmo sem se referir ao seu nome, candidato
natural do PSB a governador em 2026, o prefeito do Recife, João Campos, disse,
ontem, à Rádio Pajeú, tão logo desembarcou em Afogados da Ingazeira para o
congresso estadual do PSB, que o partido terá “um projeto forte em 26”.
A DIFERENÇA – Na mesma entrevista, João também falou sobre a
cooptação de prefeitos dos mais variados partidos, inclusive do PSB, pela
governadora, nos últimos dias, com vistas a se fortalecer para a reeleição.
“Eventuais movimentos de aliança sempre existiram. A diferença é quem faz
política com o povo”, afirmou.
SEM CERTEZA – João, por fim,
falou sobre a tese de dois palanques para Lula em Pernambuco nas eleições de
2026, conforme se especula com a ida de Raquel para o PSD, partido da base do
Governo no Congresso. “O PSB estará com Lula em 2026. Quanto ao PSD, não sei se
ele tem essa certeza”, afirmou.
Fonte: Blog do Magno Martins.
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