Em parceria
com este blog, o instituto Opinião, de Campina Grande (PB), foi a campo, nos
últimos quatro dias, em 80 municípios, entrevistando dois mil eleitores, para
levantar o primeiro cenário da disputa ao Governo do Estado em 2026. Os números
acendem uma luz amarela, de advertência, para a governadora Raquel Lyra (PSDB).
Candidata à reeleição, a tucana levaria uma derrota acachapante se a eleição
fosse hoje e não daqui a dois anos.
João abre
uma frente de 60 pontos e ganha em todas as regiões do Estado, inclusive no
Agreste Central, região de Caruaru, município que Raquel governou em dois
mandatos, tendo o último renunciado para concorrer ao Palácio do Campo das
Princesas. O maior massacre eleitoral revelado pela pesquisa se reflete na
Região Metropolitana, que concentra 42% do eleitorado do Estado, quase metade.
Neste maior
colégio eleitoral, João tem a preferência de 81% dos eleitores ante 11% da
governadora. A vantagem avassaladora se repete da Zona da Mata aos Sertões,
desde Arcoverde, considerada a porta do semiárido, até o São Francisco. Para
complicar a situação da tucana, no quesito rejeição – os eleitores que dizem
não votar nela de jeito nenhum – 60% dos entrevistados disseram que não dariam
um novo mandato à gestora. João tem apenas 10% dos entrevistados que disseram
que não votariam nele de jeito nenhum.
Raquel está
numa tremenda encruzilhada, correndo contra o tempo para tentar se recuperar.
Na prática, tem apenas um ano, o próximo, para mostrar a que veio, entregar
obras e convencer. O ano seguinte, 2026, é o da reeleição, e pouco ou quase
nada pode fazer, embora seu caixa, segundo seus aliados e adversários, esteja
entupido de dinheiro para concluir obras em andamento e iniciar outras
promessas de campanha que ainda não foram possíveis de cumprir.
A GRANDE INCÓGNITA – A pergunta que mais se ouve nos
bastidores diz respeito às chances da governadora se recuperar. Quando se fala
em recuperação, entenda-se por melhoria da imagem do seu governo e dela
própria. Seu Governo ainda não tem uma cara. Diz que é de mudanças, mas se
existem de fato essas transformações não chegaram ainda ao conhecimento por
parte da esmagadora maioria dos pernambucanos.
Influência zero – Na eleição de segundo turno em Olinda
e Paulista, os candidatos de Raquel saíram vitoriosos, mas não por força e
prestígio dela. No caso de Olinda, a diferença foi de um ponto, ou seja,
Mirella, apoiada pela governadora, venceu na raça, mérito dela e do seu
padrinho, o prefeito Lupércio. Já em Paulista, o tucano Severino Ramos viveu um
céu de brigadeiro eleitoral graças as cifras astronômicas de rejeição do seu
adversário, o ex-prefeito Júnior Matuto (PSB), apoiado por João Campos.
Estratégia errada 1 – De olho na reeleição, Raquel adotou
uma estratégia errada: abrir espaço no seu Governo para o PT, achando que o
presidente Lula terá dois palanques no Estado – o de João e o dela. Tudo bem,
isso até é possível, mas acontece que, pensando assim, a governadora vai perder
fortemente o eleitorado bolsonarista, responsável pela sua vitória em 2022,
quando deu uma de Diana, não assumindo nenhum dos candidatos ao Planalto – nem
Lula nem Bolsonaro.
Estratégia errada 2 – As chances, entretanto, de Lula subir em
dois palanques em Pernambuco são poucas. Na eleição de 2006, quando esteve nos
palanques de Humberto Costa e Eduardo Campos, as circunstâncias eram
diferentes. Humberto e Eduardo eram do mesmo lado, atuavam no campo da
esquerda, diferente de Raquel, que está filiada ao PSDB, que faz oposição a
Lula. E se vier a optar pelo PSD, corre o risco da legenda, comandada com mão
de ferro por Kassab, apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas para
presidente. Kassab, é bom lembrar, é o coordenador político do governador
paulista.
Política é soma, não subtração – Por fim, dois palanques para Lula no
Estado correm os riscos de virar letra morta por causa da insistente
polarização no plano nacional entre o petista, de um lado, e o ex-presidente
Jair Bolsonaro, de outro. Se tudo isso não fossem pedras no caminho da tucana,
há o agravante da sua resistência a governar não fazendo política, ampliando,
como João está fazendo, e não subtraindo, marca do início da sua gestão quando
abriu atritos com a Assembleia Legislativa.
CURTAS
ENCONTRO
– Mais de 150 prefeitos se encontram, hoje, em Gravatá, para o primeiro
seminário dos gestores eleitos promovido pela Associação Municipalista de
Pernambuco (Amupe). O evento, no hotel Canarius, será aberto pela governadora.
TREINAMENTO –
Já na próxima semana, os prefeitos eleitos de Pernambuco farão um treinamento
na Confederação Nacional dos Municípios durante dois dias – segundo e terça.
Servirá algumas advertências, como a bola de neve que virou a dívida
previdenciária, além da polêmica do fim das emendas Pix.
CONFLITO –
O Frente a Frente de hoje, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio,
será feito direto de Gravatá, com os prefeitos Lula Cabral (Cabo), Gilvandro
Estrela (Belo Jardim) e Evilásio Mateus (Araripina). A transmissão e produção
será da parceira Cidade FM 99,7, de Caruaru. No debate, contarei também com os
jornalistas Mário Flávio e Renata Torres, âncoras da Cidade.
Perguntar
não ofende: Por que João Campos larga com uma diferença tão grande?
Fonte: Blog do Magno Martins.
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