Quando o
caso de seis pessoas com órgãos transplantados infectados por HIV veio à tona,
na última sexta-feira, a técnica Jacqueline Iris Bacellar de Assis, de 36 anos,
reconheceu sua assinatura em um dos laudos do PCS Lab Saleme, alvo da
investigação, mas negou ser biomédica — formação que a credenciaria a assinar
tais documentos.
Ao
laboratório, no entanto, a auxiliar administrativa teria apresentado um diploma
de Bacharel em Biomedicina, datado de abril de 2022, de uma universidade que
não a reconhece como aluna. A informação foi dada pelo g1 e confirmada pelo
Globo.
O
laboratório PCS Lab Saleme disse em nota que a funcionária "induziu o
laboratório a crer que ela tinha competência para assinar laudos" ao
apresentar "documentação inidônea (um diploma de biomédica não reconhecido
pela universidade Unopar Anhanguera e uma carteira profissional com habilitação
em patologia que utiliza o registro de outra pessoa)".
No
documento, entregue por Jacqueline ao PSC Lab Saleme, consta que houve a
conclusão do curso de Biomedicina, na Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera.
Procurada,
em nota, a instituição de ensino negou: "A Instituição não emitiu
certificado de conclusão de curso de graduação, de qualquer natureza, para
Jacqueline Iris Bacellar de Assis".
Jacqueline
disse, em entrevista ao Globo, no último domingo, que sequer é biomédica. O
número de registro no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) que consta no
documento como sendo dela é de outra pessoa, que mora fora do Rio e não exerce
mais a profissão, como mostrou a TV Globo.
Embora
reconheça que as rubricas nos documentos seja sua, Jacqueline destaca que as
assinaturas eletrônicas foram coletadas pela empresa assim que foi contratada e
que este era um procedimento padrão para todos os funcionários.
A Polícia
Civil realizou a operação Verum na última segunda-feira para cumprir mandados
11 de busca e apreensão e quatro de prisão, uma deles contra Jacqueline, em
endereços em Nova Iguaçu e na capital. Ela se apresentou à polícia no início da
tarde desta terça-feira.
Durante a
ação, Walter Vieira, apontado pela Polícia Civil do Rio como sócio do
laboratório, e Ivanilson Fernandes dos Santos, que seria um dos responsáveis
técnicos pelos laudos, foram presos.
O Conselho
Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) confirmou que
Jacqueline possui inscrição ativa no órgão como técnica em laboratório. O
conselho detalha o papel de um profissional de nível técnico, que não inclui a
assinatura de laudos.
"O
técnico em laboratório é um profissional de nível técnico que pode auxiliar nas
rotinas laboratoriais, sempre sob a supervisão de um profissional de nível
superior habilitado, como um farmacêutico, médico, biomédico ou biólogo, que
devem estar devidamente registrados em seus conselhos profissionais. Portanto,
a assinatura de laudos deve ser realizada exclusivamente por profissionais de
nível superior", diz trecho.
O órgão
ainda destaca as condições do laudo para ter a assinatura validada:
"O
laudo deve ser legível, sem rasuras de transcrição, escrito em língua
portuguesa, datado e assinado por profissional de nível superior legalmente
habilitado, determinações de acordo com a resolução RDC Nº 786, de 5 de maio de
2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)".
Fonte: Folha de Pernambuco.
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