O governo do
Estado assinou, ontem (23), com a empresa dinamarquesa European Energy termo de
instalação de uma planta de e-metanol, a primeira indústria de produção do
Brasil numa área de 10 hectares em Suape.
A estimativa
é de R$2 bilhões em investimentos. Pelo cronograma estabelecido, o projeto
básico será apresentado até 30 de abril de 2025, e as obras terão início seis
meses depois, com a concessão das licenças ambientais.
Motivo de
festa
A
governadora de Pernambuco, Raquel Lyra tem muitos motivos para comemorar. Não
apenas pelo aporte intensivo de capital de uma projeto de classe mundial,
desenvolvido por uma companhia de grande porte, mas pelo que de diferente ele
tem relacionado a sua conexão com o etanol, um produto feito por indústrias de
Pernambuco e que acaba de ganhar uma perspectiva de ser fornecedora para um
novo produto de maior valor agregado o CO2 Biogênico.
Explica-se.
E-metanol é um produto que não foca na exportação de energia a partir de
hidrogênio verde, embora no ciclo de produção do e-metanol, ele entre como componente
estratégico. Segundo, o projeto em Suape segue o modelo da planta já em
construção na Dinamarca que deve entrar em operação este ano.
Fornecedor
local
Quando a
empresa diz que quer fornecedores locais o que deseja é comprar CO2 Biogênico
(140 mil toneladas ano), preferencialmente adquirido em usinas de Pernambuco e
demais estados do Nordeste oriental (AL, PE, PB e RN) que entram na composição
de e-metanol a partir de hidrogênio verde.
Para
Pernambuco é estratégico porque o estado tem um grupo de empresas com expertise
em produção de CO2 que acontece dentro do processo de produção de etanol com
especificações para ser usado no e-metanol. Mercado real
E, de certa
forma, o estado ganha uma operação real que não está focada apenas na produção
de hidrogênio verde vendido para produzir energia. Por que no processo de
e-metanol o H2V entra como elemento de um outro produto com mercado consolidado
e altamente promissor.
Dito de
outra forma, a European Energy não fará uma planta para fazer e vender hidrogênio
verde. Ela construirá uma planta que tem hidrogênio como insumo de e-metanol e
que compra CO2 de empresas locais que produzem etanol.
CO2 de biogás
O projeto
prevê que também seja usado CO2 produzido a partir de biogás onde a empresa,
através de uma subsidiária (Ammongas) - companhia fornecedora de plantas
ambientais sob medida que European Energy controla - pretende ajudar gestores
de aterros sanitários a se incorporarem ao processo.
Isso abre
mais mercado de C02 que a indústria sucroalcooleira também pode produzir em
maior escala, até porque empresas locais já têm CO2 na prateleira para outros
clientes.
Meio do
processo
Para o
processo de produção de hidrogênio verde, estimado em 20 mil toneladas, a
empresa vai usar energia renovável, entre elas eólica de parques que controla
(inclusive podendo usar a energia a ser produzida num projeto que está prevendo
para ser implantado em Tacaimbó), embora com a oferta de energia no Mercado
Livre a decisão virá, naturalmente, pela oferta de melhor preços.
E embora não
seja uma coisa que o estado tenha alardeado, o projeto da European Energy
despertou interesse de Pernambuco exatamente porque ele se insere na cadeia
produtiva do hidrogênio verde, mas por uma rota diferente.
Fornecedor
local
Além disso,
o empreendimento que tende a agregar fornecedores locais como as usinas de
etanol, também é um novo cliente para as plantas de geração eólica e de
biometano que agregam mais valor à indústria local que será fornecedora de
insumos.
A European
Energy, aliás, já está em Pernambuco e na Paraíba, onde possui dois projetos
operacionais: uma planta solar localizada na Paraíba, na cidade de Coremas, de
93 MW, e também o Complexo Eólico Ouro Branco e Quatro Ventos, localizado em
Pernambuco, com capacidade de produzir 94 MW.
Energia
eólica
De qualquer
forma, isso quer dizer novos empreendimentos de produção de amônia, por
exemplo, que o estado está negociando. Além do fato de, no caso da empresa
dinamarquesa, se tratar de tecnologia dominada e já adotada.
Ou seja, ter
projetos da cadeia do hidrogênio verde e não apenas cuidar da produção para
exportação. O que torna o projeto da European Energy diferente é que ele se
destaca como um combustível líquido de baixo teor de carbono, emergindo como
uma alternativa viável aos combustíveis fósseis em setores desafiados pela
descarbonização, como o transporte marítimo.
Fonte: Jornal do Commercio.
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