Uma recente pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada em 2023 com dados de 2022, revela que o Brasil está diante de um crescimento da violência contra a mulher. No ano passado, foram mais de 18 milhões de vítimas, sendo que mais de 50 mil por dia, o que pode ser comparado a um estádio de futebol lotado de mulheres agredidas por um homem.
O estudo ainda aponta que uma a cada três mulheres brasileiras (33,4%) com mais de 16 anos, já sofreu violência física e/ou sexual de parceiros ou ex-parceiros. O índice é maior que a média global, de 27%.
Houve um aumento em todas as modalidades de violência contra a mulher em 2022. A quarta edição dessa pesquisa, feita a cada dois anos, desde 2017, mostra que estamos diante de um recorde de violência contra mulher em todas as modalidades. Cerca da metade das vítimas não toma nenhuma ação após a agressão. Menos da metade dessas mulheres estão situadas nas capitais e regiões metropolitanas, enquanto 52% residem no interior.
Contudo, menos de 10% dos municípios brasileiros têm delegacias da mulher, pois são pouco mais de 600 unidades no país. Entretanto, no último ano aumentou a procura das vítimas por delegacias da mulher (saltou de 11,8% dos casos, na pesquisa de 2021, para 14%, na de agora).
A violência contra a mulher atinge todas as classes sociais, de todas as raças e etnias. No entanto, existem grupos mais vulneráveis, como mulheres com baixa escolaridade (em geral, com ensino fundamental apenas), pretas e pardas, que recebem até dois salários mínimos. As mulheres mais jovens aparecem com mais frequência entre vítimas de violência sexual e psicológica.
Já as acima dos 30 anos, aparecem mais frequentemente como vítimas de violência física, especialmente a mais grave, como espancamento e ameaça com arma de fogo.
A violência contra a mulher tem raízes culturais, que dissemina a ideia da mulher submissa, propriedade do homem, fruto de uma sociedade machista e patriarcal, que normaliza a desigualdade entre homens e mulheres. As mulheres divorciadas são as mais expostas à violência do que mulheres casadas ou solteiras.
No momento que essa mulher tenta romper com a violência, o homem se torna mais agressivo. O gatilho, muitas vezes, é a separação ou quando essa mulher passa a se relacionar com outra pessoa (após o término) e o ex-parceiro não aceita. Perguntadas pela razão de não terem procurado a polícia, um percentual significativo de mulheres diz que não acha que a polícia seja capaz de oferecer uma solução para aquele problema. Outras mulheres afirmam não achar que têm provas suficientes.
Perfil agressor de mulheres
- Manter um relacionamento tóxico faz parte do perfil do agressor de mulheres, que manipula a parceira com a desculpa de se preocupar com ela. Portanto, é importante observar os seguintes sinais que identificam esse tipo de homem:
- Interfere nas roupas dela. Em geral utiliza esse tipo de comentário: “Você já é linda, não precisa de nada disso. Não precisa se mostrar para outro, não”. Assim, aos poucos impede que a mulher se vista como ela quer, muitas vezes proibindo certos tipos de roupas, como as mais justas ou curtas, decotes e até acessórios, por exemplo, brincos e colares.
- Controla o celular, computador e as redes sociais, podendo até confiscar os aparelhos da mulher, exigindo que ela informe a senha. O objetivo é invadir a privacidade e vigiar as atividades digitais, o que para lei brasileira é crime. Ao controlar essas atividades, alguns homens, num surto de raiva podem quebrar o eletrônico, o que é considerado crime de dano material.
- Humilha a mulher, com frequência, em casa ou em público, para controlá-la e se sobressair. Muitas vezes são humilhações acompanhadas de xingamento, o que é considerado violência psicológica em forma de palavrões e/ou obscenidades.
- Manda em tudo, quer controlar tudo, acreditando que detém o poder sobre a mulher. Contudo, o que não for decidido em comum acordo pode ser encarado como violência.
- Interfere nas relações sociais da mulher, afastando-a de seus parentes, amigos e colegas. O objetivo é isolá-la para que o controle sobre ela seja cada vez maior, com a desculpa que é “para o seu bem”.
Todos essas
situações colocam a integridade e a vida da mulher em perigo. Portanto,
denuncie. Canais de denúncia:
Ligue 190 (para
situação de emergência)
Ligue 180 –
Central de Atendimento à Mulher (denúncias e informações sobre violência
doméstica) ou acesse o WhatsApp: 61 96100180
Delegacia Especial
de Atendimento à Mulher - DEAM.
Ministério Público
Defensoria
Pública.
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