Para participar do processo seletivo, o interessado deve preencher um formulário indicando seu número de inscrição no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e os motivos pelos quais deseja estudar no local.
Com base nos formulários, a comissão de avaliação pré-selecionará até 200 candidatos, que serão convidados para entrevistas individuais. Após as entrevistas, serão definidos os selecionados que ocuparão as 40 vagas, 20 delas destinadas a estudantes de escolas públicas.
A ideia da escola, que acaba de concluir o primeiro ano de aulas, surgiu da necessidade de formar cientistas adaptados à interdisciplinaridade.
"Hoje, os grandes temas de pesquisa são interdisciplinares, e os alunos que entram cursos tradicionais de física, química e biologia veem temas muito específicos", diz o diretor da escola, Adalberto Fazzio. "Hoje, um biólogo tem que entender de matemática, processamento de imagem", exemplifica.
A proposta também é acelerar a formação de talentos. Fazzio diz que, no modelo tradicional, são necessários dez ou 11 anos para formar um pesquisador, considerando a graduação, o mestrado e o doutorado. Na Ilum, acrescenta o diretor, os estudantes trabalham com pesquisas desde o início da graduação e, após três anos, têm maturidade para tentar um doutorado direto. Nesse caso, a formação ocorre em sete anos.
"Os nossos jovens estão ficando independentes para pesquisa muito tarde e veem temas muito específicos, não conseguem ver o conjunto", critica Fazzio, que foi reitor da Universidade Federal do ABC e acumula décadas de ensino e pesquisa em física.
Para isso, as aulas são em tempo integral, das 8h às 18h, com curso opcional de inglês à noite. Além disso, desde o primeiro ano os estudantes têm contato com a estrutura do CNPEM —o centro reúne laboratórios nacionais de biociências, biorrenováveis e nanotecnologia, além do laboratório de luz síncroton— e com projetos desenvolvidos no local.
O modelo de ensino também é diferente. O conteúdo do curso é agrupado nas áreas de linguagens matemáticas, ciências de dados, ciências da matéria, ciências da vida e humanidades, interligadas em projetos de caráter prático desenhados a partir de problemas científicos atuais.
Para apoiar o aluno nesse percurso, a escola fornece notebook, paga o aluguel de uma quitinete, oferece vale-alimentação e vale-transporte e disponibiliza apoio psicológico. Caso o estudante seja de outro estado e não tenha como arcar com a passagem aérea ou com os custos para mobiliar o apartamento, a faculdade subsidia esse custo.
Apesar do bom indicador, Fazzio é cauteloso ao cogitar a expansão o modelo, possível graças ao financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Para ele, a estrutura tradicional das universidades poderia dificultar a dinâmica da proposta. Seria mais viável pensar em replicá-la em outros centros de pesquisa, mas ainda não há um projeto nesse sentido.


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