Após instabilidades em portal, Inep divulga resultados individuais do Enem 2020
A divulgação dos resultados da edição de 2020 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) movimentou as redes sociais, na noite da segunda-feira (29/3). A Página do Participante, na qual as notas seriam publicadas após as 18h, ficou fora do ar minutos antes da divulgação e permaneceu com registros de instabilidade e de lentidão.
"É um mar de emoções. Você espera tanto por esse dia, e não dá certo", desabafa Normando Vasconcelos, 19 anos, morador de Ceilândia Sul. "Você não sabe literalmente nada, não sabe se a nota dará para lutar pelo curso dos sonhos. É um pouco de ódio, um grito de socorro ou de 'por favor, alguém me ajuda'", resume o estudante.
Ele tentou acessar as notas a partir das 18h e, até o fechamento desta matéria, não teve êxito. "Consegui acessar o site, fui logar, coloquei minha senha e tentei entrar várias vezes. Mas recebi um e-mail falando que bloqueei minha conta. Até pensei em tentar de madrugada, mas vou deixar para amanhã (terça-feira)", acrescenta Normando. "É uma chuva de memes e de desespero. Brincamos nas redes sociais dizendo que o tema da redação foi sobre saúde mental e que o Inep não estava ligando para a nossa."
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) garantiu que o problema de instabilidade na página se normalizaria até a meia-noite desta terça-feira (30/3), quando os candidatos poderiam ver os desempenhos individuais nas provas de matemática, ciências humanas, linguagens e códigos, ciências da natureza, além da redação. É possível conferir os resultados pela Página do Participante ou pelo aplicativo do exame nacional.
As notas referem-se a todas as edições aplicadas neste ano — edição impressa (17 e 24 de janeiro), digital (31 de janeiro e 7 de fevereiro) e para pessoas privadas de liberdade ou que passaram pela reaplicação (23 e 24 de fevereiro). Os resultados para treineiros, porém, só ficarão disponíveis em 28 de maio, assim como a vista pedagógica da redação.
Enem em números
Além das notas, o Inep liberou estatísticas sobre o perfil e o desempenho dos candidatos. A prova com maior média geral foi a redação, que teve marca de 588,74 pontos. Em relação às provas objetivas, a que teve maior média geral foi a de linguagens e códigos (523,98), seguida por matemática (520,73). Por último, aparecem ciências humanas (511,64) e ciências da natureza (490,39).
O número de redações nota 1 mil foi baixo nesta edição: apenas 28 textos gabaritaram a prova. Por outro lado, a quantidade de zeros chegou a 87.567, o que representa 3,22% do total. Os principais motivos foram: redação em branco (1,12%), fuga do tema (0,93%) e cópia do texto motivador (0,46%).
Provocada pela situação pandêmica do país, a abstenção atingiu marca recorde nesta edição para cada dia de prova. No apanhado geral, segundo o Inep, dos 5.825.369 participantes, 3.029.391 estavam faltaram aos dois dias de exames. O número representa, aproximadamente, 52% do total de inscritos. A proporção de faltas foi maior no Enem digital — modelo piloto que pode substituir toda a aplicação impressa até 2026 — chegando a 68,5%.
A maior parcela de presentes ficou composta pelas mulheres (60%). Além disso, 45% dos participantes se autodeclaram pardos; 37,4%, branco; e 12%, pretos. Quanto à faixa etária, a maioria (62,6%) tinha de 18 a 30 anos.
Em busca de uma vaga
Outra inscrita que não conseguiu acesso às notas devido à instabilidade do sistema foi Janina Costa Martins, 19, moradora de Santa Maria. Desde as 18h, quando estava prevista a divulgação, a jovem tentou conferir o desempenho no certame, mas não teve sucesso até o fechamento desta matéria. "O servidor do Inep apresenta esse problema há muitos anos. Fiz o Enem antes e, para receber o resultado, é uma demora”, critica.
Neste ano, Janina participou da quarta edição da prova. Após duas edições como treineira e duas como candidata, ela esperava um sistema melhor. Enquanto isso, ela manteve as aulas no cursinho on-line, para tentar garantir uma vaga em medicina em uma universidade federal. "Não estou muito confiante por causa da situação que aconteceu. A gente saiu de um ano muito difícil e estamos entrando em outro da mesma forma", lamenta.
O adiamento do Enem 2020 fez com que candidatos perdessem o prazo de inscrição para as edições referentes ao primeiro semestre letivo de 2021, de ingresso ao ensino superior por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
No entanto, o Ministério da Educação (MEC) informou ao Correio que promoverá chamadas extras das seleções para o segundo semestre de 2021, de modo a abarcar os inscritos no último certame. "Os cronogramas dessas edições do Prouni e do Fies serão oficializados por meio de editais e amplamente divulgados pelo MEC", informou o órgão federal em nota.
Já o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) recebe inscrições, entre 6 e 9 de abril, para ingresso de estudantes neste primeiro semestre. O resultado da chamada regular sai em 13 de abril. Para participar, o candidato não pode ter zerado a redação nem participado do certame na condição de treineiro.
Algumas universidade públicas brasileiras adotam editais específicos de seleção, com base na nota do Enem. Além disso, o Inep fechou acordos com 51 instituições portuguesas. Assim, é possível apresentar o resultado da prova para se candidatar a uma oportunidade no exterior.
Acesso à UnB
Quem deseja usar a nota do exame para concorrer a uma vaga na Universidade de Brasília (UnB) tem até 11 de abril para se inscrever no Acesso Enem UnB. O programa, específico para a instituição de ensino superior, oferece 2.112 vagas para o primeiro semestre letivo de 2021, que começa em 19 de julho.
As inscrições estão disponíveis no site do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe). Os resultados saem em 18 de maio.
Recentemente, a UnB anunciou o cancelamento do vestibular tradicional da instituição e definiu que o acesso ao primeiro semestre letivo deste ano ocorrerá, integralmente, via Enem, por meio das notas de uma das três últimas edições do exame: 2018, 2019 e 2020.
Caso o candidato tenha participado das três edições, poderá escolher aquela em que teve melhor desempenho para concorrer à vaga. Também é possível se inscrever no sistema de cotas para escolas públicas ou para pretos, pardos e indígenas.
No sistema de cotas para escolas públicas, haverá reserva de vagas para alunos com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo per capita (R$ 2,25 mil); com renda familiar bruta superior a 1,5 salário mínimo per capita; que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas; que não se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas; ou que tenham alguma deficiência.
Também é possível concorrer no sistema de cotas para escolas públicas e raciais ao mesmo tempo. Vale lembrar que, diferentemente de outras universidades públicas, a UnB não usa o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) desde julho de 2019, por alegar incompatibilidade de calendário.
Oportunidades na Escs e no IFB
Outra instituição pública do Distrito Federal que usa o Enem como forma de seleção de ingressantes é o Instituto Federal de Brasília (IFB). Os candidatos que fizeram o Enem 2020 podem concorrer a uma das vagas em 19 cursos oferecidas pelo Sisu. "Cabe destacar que o candidato não pode zerar nenhuma das provas de conhecimento ou redação", destaca a pró-reitoria do IFB.
Os cursos de graduação em medicina e enfermagem da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) também aderem ao Sisu para selecionar novos alunos. Cada curso conta com 80 vagas, com possibilidade de concorrência pelos sistemas universal ou de cotas.
Fonte:https://www.diariodepernambuco.com.br/
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