Criada sob o argumento de que poderia
faltar dinheiro em espécie no país em meio à pandemia de covid-19, a cédula de
R$ 200 ainda não foi vista por muitos brasileiros. É que pouco mais de 10% das
notas encomendadas pelo Banco Central (BC) estão em circulação. O BC, que
investiu R$ 142 milhões no projeto, por sua vez, garante que a distribuição das
novas cédulas está correndo como o esperado.
O BC lançou a nota de R$ 200,
estampada com o lobo-guará, no início de setembro. À época, a autoridade
monetária explicou que a pandemia de covid-19 ampliou o entesouramento — o
hábito de guardar dinheiro em espécie. E, ao mesmo tempo, aumentou a demanda por
papel moeda por conta dos pagamentos do auxílio emergencial. O BC resolveu,
então, produzir a cédula de R$ 200 para evitar que faltasse dinheiro em papel
durante os pagamentos do benefício.
Como informado ao Supremo Tribunal
Federal (STF), o BC investiu R$ 142 milhões para produzir 450 milhões de
cédulas de R$ 200, o que representa R$ 90 bilhões. E a expectativa era de que
boa parte dessas cédulas entraria em circulação ainda em 2020, mesmo que de
forma gradual, devido ao auxílio emergencial e ao entesouramento. Hoje, no
entanto, só 11% desse montante estão acessíveis à população: de acordo com os
dados mais recentes do meio circulante nacional, havia 50,3 milhões de cédulas
de R$ 200 em circulação no último dia 24, o que representa R$ 10 bilhões.
As estatísticas do meio circulante
também mostram que o volume de cédulas de R$ 200 em circulação está crescendo
de forma gradual. No início deste mês, por exemplo, eram 33 milhões. Porém,
para alguns especialistas, o percentual ainda parece pequeno diante da urgência
com que a nota foi produzida.
O presidente do Sindicato Nacional
dos Moedeiros, Roni Medeiros, por exemplo, contou que já foi questionado várias
vezes por onde anda o “lobo-guará”. “Não houve nenhum problema de produção. A
Casa da Moeda vem trabalhando sete dias por semana e 24 horas por dia. Não
paramos por causa da alta demanda de produção. Tem, inclusive, uma linha de
produção só para as cédulas de R$ 200. Tem muito mais pronto. Não sei o porquê
desse percentual em circulação”, relatou.
Medeiros acredita, contudo, que a
demanda por papel moeda pode ter diminuído quando o auxílio emergencial foi
reduzido de R$ 600 para R$ 300 e a população começou a usar o benefício pelo
aplicativo Caixa Tem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse até que,
devido ao processo de digitalização da moeda, a cédula do lobo-guará teria
"vida curta". A declaração ocorreu à época do lançamento do Pix, o
sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, que movimentou mais de R$ 83
bilhões, em 92,5 milhões de transações, só no primeiro mês de operação.
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