O controle da sífilis em recém-nascidos de mães com diagnóstico da doença requer adoção de estratégias complementares de saúde pública. Oferecer cuidado pré-natal não é suficiente para evitar complicações clínicas nos recém-nascidos de mães com a doença.
O alerta é de pesquisadores de três instituições sul-mato-grossenses: Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Fundação Oswaldo Cruz, em estudo publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.
Foto: Ana Nascimento / MDS / Portal Brasil |
A pesquisa recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento de Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O estudo foi realizado no Hospital Universitário de Dourados (HU), em Mato Grosso do Sul, instituição responsável por 63,7% dos nascimentos ocorridos na cidade de Dourados, em 2017. Os pesquisadores acompanharam 63 mulheres em período de gestação que receberam o diagnóstico de sífilis. Elas fazem parte de um total de 199 casos confirmados de gestantes com sífilis atendidas pelo HU no período, sendo que 84% desses casos são de sífilis congênita, situação em que a bactéria Treponema pallidum, que causa a doença, passa de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto.
A partir do acompanhamento das 63 gestantes, os autores concluíram que o
cuidado pré-natal não é suficiente para prevenir a transmissão da bactéria aos
recém-nascidos e a evolução da infecção para a neurossífilis, complicações da
doença quando a bactéria atinge o cérebro, meninges e medula espinhal. Apesar
de 95,2% das mães terem recebido cuidados pré-natais, apenas 6 entre 10
iniciaram as consultas no primeiro trimestre de gravidez. O pré-natal tardio
foi um dos determinantes para mais da metade (50,8%) dos nascidos terem
necessitado de internação por complicações da sífilis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário