O
Ministério da Saúde incluiu hoje (20) a cloroquina, e seu derivado
hidroxicloroquina, no protocolo de tratamento para pacientes com sintomas leves
de covid-19. De acordo com o documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a
decisão sobre prescrever ou não a substância, sendo necessária também a vontade
declarada do paciente, com a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
O
governo alerta que, apesar de serem medicações utilizadas em diversos
protocolos e de terem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus,
ainda não há resultados de “ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos
e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o
tratamento da covid-19”.
Ainda
assim, ao atualizar as orientações para o uso dos medicamentos, o Ministério da
Saúde considerou a existência de diversos estudos e a larga experiência do uso
da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças
infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A
droga é, originalmente, indicada para doenças como malária, lúpus e artrite.
De
acordo com a pasta, como também não existe, até o momento, outro tratamento
eficaz disponível ou terapia farmacológica específica para covid-19, as novas
orientações buscam uniformizar as informações para os profissionais da saúde no
âmbito do SUS e orientar o uso de fármacos no tratamento precoce da doença.
No
final de março, o Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de
uso da cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. A
pasta também distribuiu ao menos 3,4 milhões de doses do medicamento para os
sistemas de saúde dos estados.
Já
o Conselho Federal de Medicina (CFM) não recomenda o uso da droga, mas
autorizou a prescrição em situações específicas, inclusive em casos leves, a
critério do médico e em decisão compartilhada com o paciente.
O
presidente Jair Bolsonaro defende a possibilidade de tratamento da covid-19 com
hidroxicloroquina desde a fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir
médicos, pesquisadores e chefes de Estado. O Executivo chegou a zerar o imposto
de importação cobrado pelo medicamento. Por não concordarem com esse protocolo,
os ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, acabaram
deixando o governo.
Novas
orientações
As
orientações divulgadas hoje para o tratamento precoce de pacientes
diagnosticados com o novo coronavírus incluem, na fase de sintomas leves e
moderados, o uso da cloroquina ou do sulfato de hidroxicloroquina associados à
azitromicina por 14 dias. Após o 14º dia devem ser prescritos medicamentos de
acordo com os sintomas apresentados.
Casos
leves são aqueles pacientes que não precisam de internação e apresentam sinais
como coriza, diarreia, febre, perda do paladar e olfato, dores musculares e
abdominal, tosse, fadiga e dores de cabeça. Tosse e febre persistente, com
piora de algum dos outros sintomas e presença de fator de risco, são sinais
moderados de covid-19. Para os casos moderados, a equipe médica deve avaliar a
necessidade de internação e a presença de infecção bacteriana e considerar o
uso de anticoagulantes e corticóides.
Já
os casos graves são aqueles que apresentam falta de ar e baixa pressão
arterial. Para esses pacientes, o Ministério da Saúde orienta a administração
do sulfato de hidroxicloroquina e da azitromicina, sem período de tempo
determinado. O médico deve ainda considerar o uso de imunoglobulina humana,
anticoagulante e pulso de corticoide.
No
documento, a pasta informa ainda que são contraindicações absolutas ao uso da
hidroxicloroquina gravidez, retinopatia/maculopatia secundária ao uso do
fármaco já diagnosticada, hipersensibilidade ao fármaco, miastenia grave. Em
crianças, deve-se dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco
de toxicidade da cloroquina. E a cloroquina deve ser usada com precaução em
portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças
mentais.
O
Ministério da Saúde orienta ainda que a hidroxicloroquina não deve ser
coadministrada com amiodarona e flecainida. Há ainda a constatação de interação
moderada da hidroxicloroquina com digoxina, ivabradina e propafenona, etexilato
de dabigatrana, edoxabana, e de interação leve com verapamil e ranolazina. A
cloroquina deve ser evitada em associação com clorpromazina, clindamicina, estreptomicina,
gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.
De
acordo com o Ministério da Saúde, a pasta está consolidando novas orientações
para o manejo de pacientes com covid-19. Além de fármacos, equipamentos e
recursos humanos também estão sendo trabalhados.
Fonte:
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário